Resposta da MSF ao surto de cólera nos Camarões

Os Camarões têm vivido uma epidemia de cólera desde outubro de 2021. Das dez regiões do país, o surto permanecia ativo em quatro delas em janeiro passado: no Centro, Litoral, Oeste e Extremo Norte. A Médicos Sem Fronteiras (MSF) está a providenciar apoio em Mora, no Extremo Norte, para ajudar na gestão dos casos e na estratégia de prevenção acionada pelas autoridades locais.
© MSF/Nisma Leboul

Os Camarões têm vivido uma epidemia de cólera desde outubro de 2021. Das dez regiões do país, o surto permanecia ativo em quatro delas em janeiro passado: no Centro, Litoral, Oeste e Extremo Norte. A Médicos Sem Fronteiras (MSF) está a providenciar apoio em Mora, no Extremo Norte, para ajudar na gestão dos casos e na estratégia de prevenção acionada pelas autoridades locais.

A cólera, que é endémica no Extremo Norte, ressurgiu em seis distritos incluindo as cidades de Mora e de Kolofata em outubro de 2022. Nesta região situa-se o campo de Minawao para pessoas deslocadas internas, que aloja 75 000 pessoas refugiadas da Nigéria. Até 27 de dezembro de 2022, foram identificados mais de 15 000 casos de pessoas com cólera no país.

Desde o início da epidemia, em outubro de 2021, que a MSF tem estado a providenciar apoio às autoridades dos Camarões na resposta que estão a dar, e a nova estratégia está estruturada em quatro grandes áreas: vigilância epidemológica, formação para o reporte de casos pelas comunidades, atividades de higiene e prevenção da doença e apoio à vacinação.

A MSF não poupou esforços para nos apoiar a enfrentar esta epidemia, particularmente assegurando o acesso a água, saneamento e higiene. Para além da assistência técnica na construção do centro de tratamento de cólera”, explica o responsável médico do distrito de Mokolo, Assana Moudoum Bahama, que tem a seu cargo a resposta à cólera no campo de Minawao. Foram registados 144 casos de pessoas com a doença, em que se incluem quatro mortes.

A cólera é uma infeção intestinal aguda causada por uma bactéria presente em águas sujas e estagnadas. É, por isso, essencial providenciar acesso a água potável e a condições de higiene, para além de prestar tratamento às pessoas afetadas.

A MSF apoiou o Ministério da Saúde no Extremo Norte dos Camarões, com a identificação de casos e com a desinfeção das casas e áreas em redor de onde vivem as pessoas com a doença. A organização médico-humanitária também vacinou os contactos próximos destas pessoas e distribuiu kits de higiene e kits de prevenção da doença num raio de 100 a 150 metros da área identificada. Isto ajudou ao abrandamento e contenção da epidemia. “Não existiram mais casos no distrito de Mokoto por 64 dias”, referiu Assana Moudoum Bahama.

Falmata Ali, uma refugiada de 20 anos que está a viver no campo de Minawao, descreve os sintomas que teve: “Quando a cólera eclodiu, fiquei doente três dias depois, vomitava, tive diarreia e estava muito cansada. A equipa médica cuidou de mim, tratou-me, e rapidamente fiquei melhor.”

Apesar de não ter sido ainda declarado o fim da epidemia no país, a MSF contribuiu para a consciencialização de mais de 43 000 pessoas e para a vacinação de 72 000 através da doação de vacinas. A resposta para enfrentar a cólera prossegue com atividades de prevenção e de sensibilização nas comunidades, especialmente acerca de boas práticas de higiene.

A MSF permanece disponível para continuar a apoiar o Ministério da Saúde dos Camarões a enfrentar à cólera, tal como aconteceu durante o ano de 2022 no Extremo Norte, mas também nas regiões Este e Centro”, conclui o coordenador-geral da MSF no país, Modeste Koku Tamakloe.

 

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