Tratando a hepatite C na Ucrânia graças a medicamentos genéricos

Medicamentos genéricos provam ser uma opção acessível no combate à epidemia de Hepatite C

Medicamentos genéricos provam ser uma opção acessível no combate à epidemia de Hepatite C

Uma combinação de medicamentos genéricos, juntamente com um modelo abrangente de apoio ao paciente, mostrou resultados promissores em um projeto piloto conduzido pela organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) na Ucrânia. Quando ampliada, pode acelerar substancialmente o tratamento da hepatite C em um país onde estima-se que mais 5% da população, ou pelo menos 2 milhões de pessoas, estejam infectadas pelo vírus da hepatite C.

Desde dezembro de 2017, MSF usou as versões genéricas mais acessíveis do daclatasvir e sofosbuvir para tratar quase 900 pacientes de hepatite C, com uma taxa de cura de mais de 97%, na região de Mykolaiv, no sul da Ucrânia, que é estimada como uma das mais infectadas por hepatite C no país. O Ministério da Saúde da Ucrânia também comprou recentemente e distribuiu nacionalmente medicamentos similares como parte do compromisso do Dia Mundial da Hepatite do ano passado, para começar a intensificar o tratamento da hepatite C.

A hepatite C ocorre quando o vírus da hepatite C (VHC) infecta o fígado e pode levar à cirrose, câncer de fígado e até à morte. A hepatite C é curável e o padrão de tratamento em todo o mundo melhorou drasticamente nos últimos anos com a introdução de medicamentos orais mais recentes e eficazes recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como daclatasvir e sofosbuvir, que têm poucos efeitos colaterais e uma alta taxa de cura.

“Estamos felizes em ver que o Ministério da Saúde está disponibilizando medicamentos acessíveis para hepatite C a milhares de pacientes na Ucrânia. Agora, o próximo passo será encontrar uma solução para oferecer acesso ao diagnóstico e tratamento para as milhões de pessoas que correm risco de infecção em todo o país. Nossa experiência em Mykolaiv mostra que modelos de tratamento disponíveis e eficazes para hepatite C estão disponíveis”, disse Grigor Simonyan, coordenador-geral de MSF na Ucrânia.

O alto preço cobrado pelas empresas farmacêuticas pelas versões de marca dos novos medicamentos contra hepatite C tem sido um grande obstáculo para os pacientes e provedores de saúde na Ucrânia e no mundo. Quando possível, MSF opta por usar medicamentos genéricos mais acessíveis, a fim de alcançar mais pacientes. Mais de 90% dos medicamentos usados por MSF para tratar hepatite e outras doenças infecciosas no mundo são genéricos.

Medicamentos genéricos contra hepatite C têm os mesmos compostos ativos que os medicamentos de marca e funcionam da mesma forma para eliminar o vírus, mas são muito mais acessíveis. No entanto, na Ucrânia, campanhas falsas de informação recentes sobre a ineficácia dos medicamentos genéricos contra hepatite C representam um obstáculo à expansão do tratamento acessível em todo o país.

“Na Ucrânia, as pessoas têm preocupações com a eficácia dos genéricos, mas MSF usou genéricos para tratar todos os pacientes com hepatite C na região de Mykolaiv. Os medicamentos genéricos e os de marca têm o mesmo composto químico; basicamente, são os mesmos medicamentos. A principal diferença é o custo ”, disse Karan Kamble, coordenadora de atividade médica de MSF do projeto de Hepatitis C em Mykolaiv.

Além desses medicamentos altamente eficazes, MSF oferece aos pacientes do projeto piloto diagnóstico e tratamento gratuitos e também apoio, educação em saúde, orientação e aconselhamento por meio de assistentes sociais e educadores de pares.

“Certamente, a coisa mais surpreendente para mim foi que o tratamento de MSF veio sem custo – foi o que eu mais gostei. Em segundo lugar, gostei do apoio ao paciente. Uma pessoa não é deixada sozinha com os comprimidos para tomar. Recebi regularmente ligações de um promotor de saúde e assistente social. Toda vez que eu vinha buscar os medicamentos, conversava com um conselheiro de saúde ”, disse Ihor Skalko, que foi curado da hepatite C através do projeto piloto de MSF.

Ihor foi diagnosticado pela primeira vez com hepatite C em 2006 e anteriormente recebeu tratamento com medicamentos mais antigos, através de um programa estadual, que não teve sucesso.

“Para mim, a recuperação é o momento em que você está livre de um problema que o atormenta há muitos e muitos anos e não permitia que você vivesse em paz”, disse Ihor. “Depois da minha segunda tentativa de curar a hepatite C (através do programa de MSF), quando finalmente me disseram que eu havia superado completamente essa doença grave, fiquei muito feliz. Eu senti vontade de sair, ser feliz, sorrir para todos.”

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