Uganda: MSF amplia assistência a refugiados da Rep. Dem. do Congo

Tanto no acampamento provisório quanto no permanente, organização leva cuidados de saúde essenciais para refugiados e habitantes locais

A organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) está provendo cuidados médicos urgentes, além de água e saneamento, no oeste de Uganda, após o influxo de dezenas de milhares de refugiados que deixaram a insegurança da província de Kivu do Norte, na República Democrática do Congo (RDC), para trás, em meados de julho.

Cerca de 220 mil refugiados estão vivendo atualmente no acampamento transitório de Bubukwanga, a 18 km da fronteira com a RDC, em espaço concebido para apenas 12.500 pessoas.

MSF está oferecendo cuidados médicos que incluem cuidados de saúde maternos, vacinação e tratamento nutricional, além de trabalhar na melhora na provisão de água e saneamento, potencialmente perigosa. A assistência médica está sendo oferecida tanto aos refugiados quanto aos habitantes locais, beneficiando um total de 50 mil pessoas.

Na próxima semana, MSF passará a oferecer cuidados médicos no campo permanente de Kyangwali, para onde os refugiados estão sendo transferidos. O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) encaminhou, até o momento, cerca de 4 mil refugiados do campo transitório para o permanente e planeja continuar transferindo 2 mil pessoas por semana. O campo permanente fica a 150 km de distância do transitório, mas o percurso pode durar até seis horas e representa um risco para os refugiados. Infelizmente, há poucos dias, houve um acidente com um dos ônibus que fazia a transferência de refugiados, que causou a morte de um bebê e feriu outras 24 pessoas. Os feridos foram transportados em uma ambulância de MSF para um hospital da região próxima dali e outra equipe médica ofereceu cuidados essenciais.

Além disso, o influxo de refugiados no campo transitório aumentou recentemente, à medida que a situação de segurança piora na RDC, com a chegada de cerca de 3 mil pessoas na última semana.

MSF continua preocupada com as condições de água e saneamento no acampamento transitório.

“Embora a situação tenha melhorado nas últimas semanas, há latrinas inadequadas, cerca de uma instalação para cada 82 pessoas, que estão cheias a ponto de transbordar, o que representa um grave risco de cólera, disenteria e outras infecções. A cólera é uma grande preocupação. A região é endêmica e a estação de pico da doença ocorre sempre no início da estação chuvosa”, afirmou o coordenador geral de MSF, Ruben Pottier.

A estação chuvosa acaba de começar, potencializando o risco de cólera e reduzindo o acesso dos caminhões que esvaziam as latrinas pelas estradas.

Além de construir as latrinas e levar água limpa até o local, MSF está com suprimentos médicos e equipamentos necessários para responder a um surto de cólera já pré-posicionados.

MSF está realizando cerca de 300 consultas ambulatoriais por dia no acampamento transitório, alcançando picos de 450 consultas, sendo a maioria delas referente a infecções do trato respiratório, malária e diarreia. As equipes também ofereceram assistência a sobreviventes de violência sexual no campo.

MSF está, também, prestando suporte ao departamento de internação, que aumentou de 20 para 47 leitos e inclui uma ala pediátrica, uma para adultos e uma maternidade.

“Incrementamos nossa capacidade, principalmente, no atendimento à saúde sexual e reprodutiva. Em uma emergência, não devemos esquecer que a vida continua, que as mulheres ainda dão à luz, e há uma demanda urgente por cuidados médicos para partos complicados. Nossa maternidade pode lidar com partos complicados – precisamos transferir pacientes apenas em caso de necessidade de cesarianas – e desde o dia 22 de julho assistimos o nascimento de 92 bebês.”

No campo permanente de Kyangwali, MSF está estruturando uma unidade de saúde na área de recepção dos refugiados. Até esta semana, serão oferecidos cuidados básicos de saúde, referência de pacientes que precisem de tratamento médico posterior e vacinação e exames de desnutrição para crianças. Crianças que tiverem iniciado o tratamento para desnutrição no campo transitório serão acompanhadas para garantir a continuidade do tratamento.

MSF continuará intensificando atividades em ambos os acampamentos à medida que cheguem mais refugiados.
 
MSF atua em Uganda desde 1986. Além de responder a emergências, MSF administra um programa de tratamento de HIV e tuberculose (TB) em Arua.

Partilhar