Violência compromete acesso a cuidados de saúde em região de Moçambique

Ataques em Cabo Delgado forçam milhares de pessoas a fugir e danificam instalações de MSF

Violência compromete acesso a cuidados de saúde em região de Moçambique

Maputo, 5 junho 2020 – Um grupo armado atacou o vilarejo de Macomia nas primeiras horas da manhã de 28 de Maio. Logo que os insurgentes entraram na povoação, a população fugiu para a mata e para aldeias vizinhas. O grupo incendiou casas, lojas, escolas e edifícios religiosos e governamentais. O centro de saúde onde Médicos Sem Fronteiras (MSF) presta apoio médico, localizado perto daqueles edifícios e do acampamento militar, foi gravemente danificado.

“MSF tinha 27 profissionais apoiando o Centro de Saúde de Macomia. Esconderam-se nas matas durante quase dois dias, com muito medo de saírem. Felizmente ninguém foi ferido e hoje todos foram localizados”, confirmou a coordenadora de projeto de MSF, Caroline Gaudron Rose. “Este ataque e os que o antecederam forçaram milhares de pessoas a fugir. A nossa capacidade para chegar a quem precisa de ajuda é prejudicada por este aumento da violência e pela destruição do Centro de Saúde.”

Depois de anos de episódios de violência, a partir de março último houve um aumento dos ataques. Estas investidas dizimaram vilas e aterrorizaram populações locais. Macomia já havia recebido milhares de pessoas deslocadas por ataques anteriores. O número de pessoas forçadas a abandonar suas casas na Província de Cabo Delgado continua crescendo.

“Ainda há ainda milhares de pessoas deslocadas que estão escondidas nas matas, assustadas demais para regressarem às suas aldeias. Estão aterrorizadas com a violência constante”, afirmou Gaudron Rose. “A situação pode ser extremamente terrível para quem foi forçado a fugir de Macomia e de outras aldeias vizinhas – sem abrigos, nem água potável ou acesso a cuidados médicos, estão profundamente vulneráveis.”

O acesso à região Norte de Moçambique tornou-se cada vez mais difícil desde que a violência eclodiu no final de 2017. Todavia, a assistência humanitária é crucial para as populações deslocadas que já sofrem com surtos de malária e de cólera e um escasso acesso a cuidados para HIV e tuberculose. Estas condições médicas são agravadas pela violência na província.

MSF já teve de suspender o apoio médico prestado em Mocimboa da Praia, na esteira de ataques a esta vila ocorridos em março passado. Devido a este mais recente ataque, a MSF suspendeu também o apoio em Macomia. A MSF está revendo ativamente a sua estratégia com o objetivo de continuar a oferecer apoio às milhares de pessoas que perderam seus meios de subsistência, casas e comunidades.

MSF em Moçambique

MSF está presente em Moçambique desde 1984. Na cidade de Pemba, MSF presta apoio às autoridades de saúde na melhoria do acesso a água e a saneamento, assim como dando resposta a possíveis surtos de
doenças diarréicas e cólera. A MSF está também presente em Maputo e na Beira, providenciando cuidados a pessoas com HIV avançado, tuberculose, hepatites e a populações vulneráveis. Em todos os projetos, MSF apoia o Ministério da Saúde de Moçambique na sua resposta à COVID-19 através da concretização de medidas de prevenção que incluem o controle, triagem e vigilância de contágio.

 

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