Datas, o que elas representam?

Parte 3 – 11 de novembro de 2011, República Democrática do Congo

Em breve será meu aniversário. Nasci às duas horas e cinquenta e cinco minutos do dia 22 de Novembro. Apesar das colunas de Horóscopo nos jornais dizerem que quem nasce nesta data é de Sagitário, a hora de meu nascimento fez de mim uma escorpiana.
 
Aqui na RDC, nas regiões onde trabalho, as pessoas sequer sabem o que é horóscopo e muito menos se orientam pelos “impressionantes” conselhos de como se comportar no dia a dia, no amor, no trabalho e nas amizades. E mesmo que viessem a saber, ainda assim poucos poderiam saber qual é seu signo, fazer um mapa astral ou tatuar a representação zodiacal nas costas, como eu mesma fiz há muitos anos.
 
As pessoas não poderiam fazê-lo simplesmente porque muitos não sabem precisar o dia em que nasceram. Nas fichas dos pacientes que utilizamos nas consultas, o campo para a data de nascimento é na prática um grande exercício de criatividade, conhecimentos históricos e avaliação facial. Para ter uma data aproximativa, é perguntado ao paciente se ele nasceu antes, ou depois de algum evento histórico, como a independência, a posse de algum presidente, alguma revolução. Os dados são complementados pela estimativa de sua aparência, pela idade dos filhos… Finalmente, o paciente “ganha” uma data de nascimento, ao menos naquela folha de papel. Formalidades ajustadas a uma realidade.
 
Em breve também será Natal. Aqui, essas mesmas pessoas não passearão em shoppings, não montarão árvores de Natal, não irão levar as crianças para ver alguém vestido de Papai-Noel. Essas pessoas estarão desejando que não se repita o que aconteceu nos Natais de 2008 e 2009, quando centenas de pessoas foram massacradas pelos rebeldes de um grupo que leva justamente um nome que faz referência àquele que, segundo uma canção de Natal, nasceu na Noite Feliz.
 
Uma Noite Feliz para todos, que possam dormir sem medo e em paz.

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