A Médicos Sem Fronteiras (MSF) é uma organização humanitária internacional que leva cuidados de saúde a pessoas afetadas por graves crises humanitárias. Também é missão da MSF chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelos pacientes atendidos em seus projetos.
Como organização médica, buscamos sempre oferecer o melhor tratamento disponível aos nossos pacientes. O trabalho de MSF envolve uma grande variedade de atividades, desde a organização de campanhas…
Veja as principais atualidades sobre as atividades da Médicos Sem Fronteiras.
Saiba mais sobre os nossos projetos no terreno e as nossas atividades em todo o mundo.
Assista aos vídeos sobre o trabalho da Médicos Sem Fronteiras em diversos projetos pelo mundo.
Ouça as histórias e as experiências vividas por quem está nas linhas da frente das emergências humanitárias.
O que vemos e registamos sobre o trabalho das nossas equipas e as populações que apoiamos.
Participe nos nossos eventos, online ou presenciais, para apoiar e saber mais sobre o nosso trabalho.
Profissionais portugueses contam as experiências nos diversos projetos da MSF.
Para pessoas que estão a viver em Portugal
Para pessoas que não estão a viver em Portugal
Administradora
A equipe de Médicos Sem Fronteiras (MSF) me ligou na sexta-feira à tarde, logo após o ciclone Idai ter atingido a província de Sofala, em Moçambique. A proposta era embarcar em 3 dias, na segunda-feira, para a cidade de Beira, para dar o suporte necessário pós-ciclone. Não tive dúvidas e, segunda, como previsto, estava embarcando com a equipe de emergência para o meu sexto projeto na África.
Do avião já conseguíamos ver as cidades completamente alagadas. Ao chegar a Beira, o cenário que encontramos era de devastação total: nenhuma das casas possuía teto, muitas estruturas completamente destruídas, tuk-tuks capotados na estrada, árvores caídas sem nenhuma folha por todos os lados e ninguém nas ruas. Parecia uma cidade fantasma. Foi a primeira vez que vi um lugar neste estado. Nunca tinha participado de uma resposta a desastre natural antes.
Não tinha água nem luz, não havia meios de comunicação – uma vez que as torres de celular foram danificadas – ou meios de comprar comida, pois os supermercados também foram atingidos. A maior parte da população perdeu tudo e estava concentrada em campos de deslocados.
Conhecia algumas pessoas da nossa equipe nacional, da época em que morei em Tete, e muitos deles foram realocados para Beira quando o projeto de lá fechou. O relato de uma amiga querida sobre o dia do ciclone foi assustador. Não consigo imaginar o que eles sentiram. A maior parte disse que achava que iria morrer.
Logo na primeira semana, durante a avaliação do estado da cidade e das unidades de saúde, já conseguimos identificar casos de cólera em alguns distritos. Daí em diante foi tudo muito rápido. Acionamos a equipe de supply para o envio do material necessário, começamos a reabilitação de alguns centros de saúde e, na segunda semana, os centros de tratamentos de cólera (CTCs) com uma equipe de mais de 300 pessoas contratadas e treinadas já estava estabelecido e trabalhando para atender a população.
Quando decidimos abrir um segundo CTC, encontramos um campo de futebol ao lado de um centro de saúde como potencial localização. O campo pertencia a um time feminino de futebol, chamado Cocoricoó. O time não só nos recebeu de braços abertos, como também fez questão de participar na montagem das tendas. De acordo com as meninas, elas queriam ajudar a comunidade de alguma forma. Foi com esse espírito de equipe que em um dia todas as tendas estavam montadas.
Também demos suporte à campanha de vacinação contra cólera e, com o conjunto de ações, pudemos ver os casos da doença começarem a cair.
Em um mês de projeto, foi incrível ver a rapidez em que respondemos à emergência e o quanto conseguimos fazer pela população.