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Toda semana, equipes de MSF em Bangui, na República Centro-Africana (RCA) veem as consequências de abortos inseguros na saúde das mulheres e na comunidade em geral.
Marta Vaquero Rodriguez, obstetriz do projeto de saúde sexual e reprodutiva de Médicos Sem Fronteiras (MSF) em Bangui, explica as graves consequências na vida das mulheres causadas pela falta de acesso a cuidados obstétricos e métodos contraceptivos.
Você acaba de passar cinco meses em Bangui. O que é o mais estarrecedor na atual situação?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o sangramento pós-parto é a principal causa de mortes maternas no mundo todo – mas aqui, a maior causa é o aborto. Em Bangui, a maioria das complicações obstétricas que recebemos na ala da maternidade do hospital Castors se devem a abortos inseguros realizados em condições não-médicas. Para mim, é inaceitável ver mulheres sofrendo e com frequência morrendo de uma causa evitável. Mais chocante ainda é saber que essa é a única causa de mortalidade materna totalmente evitável se as mulheres tiverem acesso a planejamento familiar para evitar gestações indesejadas e/ou tiverem acesso ao aborto seguro.
De acordo com a OMS, quatro entre 10 mulheres no mundo que se submetem a abortos inseguros desenvolvem complicações; além disso, cerca de 50 mil mulheres morrem por ano – quase todas elas nos países em desenvolvimento.Isso é o que vemos em Bangui, onde os serviços disponíveis de contracepção são inadequados para grande parte da população, apesar dos esforços feitos pelo governo e por agências humanitárias. A lei na RCA permite a interrupção da gravidez em algumas circunstâncias, como no caso de ameaça à saúde da mulher. Porém, considerando a escassez de profissionais médicos no país, o acesso real a abortos com acompanhamento médico é extremamente restrito. Isso significa que algumas mulheres que não desejam seguir em frente com suas gestações acabam procurando ajuda entre a comunidade, contando com pessoas que carecem das qualificações necessárias e que frequentemente trabalham em ambientes que não obedecem ao mínimo dos padrões médicos.
Na RCA, o alto índice de complicações graves está especialmente ligado ao fato de que a maioria dos abortos inseguros é realizada usando métodos “traumáticos” – ou seja, varetas, cabos ou outros instrumentos pontiagudos que são inseridos no útero. Essas práticas resultam em ferimentos graves, como perfurações, com todas as complicações físicas imagináveis.
Pode nos falar mais sobre os riscos e consequências ligados a abortos inseguros?
Há apenas uma semana recebemos uma mulher de 19 anos, Laura, que passou por uma cirurgia de emergência em nossa unidade de maternidade após um aborto inseguro. A equipe médica teve que remover seu útero perfurado para salvar sua vida. Ela nunca mais poderá ter filhos. É algo determinante para a vida dessa jovem mulher. Mas ao menos ela sobreviveu, o que não é o caso de todas. A maternidade Castors, mantida por MSF em Bangui, é uma das maiores do país e é especializada em gestações e partos complicados. Toda vida que não conseguimos salvar é uma tragédia; porém, o fato de que um terço dessas perdas são de mulheres jovens e saudáveis após um aborto inseguro é simplesmente revoltante.
Além disso, mulheres que passam por abortos inseguros, muitas vezes sofrendo complicações, também têm que enfrentar o tabu social – um caminho que pode envolver sofrimento psicológico: a decisão por si só, o medo de ser descoberta pelos outros, o estigma de certas gestações. Por isso, às vezes há consequências psicológicas que perduram após um aborto inseguro e que podem levar à retração e a um sentimento de culpa, mas também a um isolamento da comunidade porque, devido às consequências físicas óbvias, a comunidade pode descobrir o que aconteceu. Se for uma menina jovem que ainda vai à escola, ela pode ter dificuldade de continuar seus estudos, estabelecer uma relação com um parceiro etc.
E há também as consequências sociais, que também são consequências para a comunidade. Às vezes nos esquecemos disso, mas uma boa parte dessas pacientes (43% delas) já têm filhos. Elas são mães que, por alguma razão, não querem engravidar. Às vezes elas perdem suas vidas, deixando órfãos para trás e, com isso, toda a comunidade sofre.
O que pode ser feito para evitar isso?
Em primeiro lugar, o acesso a métodos contraceptivos precisa ser mais fácil para todas as mulheres e meninas que precisam, independentemente de sua situação pessoal ou idade. Ainda que seja um direito reconhecido pelo Estado, a contracepção nem sempre está disponível; infelizmente, muitas vezes há escassez nos estoques de diferentes centros de saúde da cidade. E, ainda que os produtos estejam disponíveis, seu custo faz com que eles sejam inacessíveis para essas mulheres. Por exemplo, um implante de progesterona custa 7,50 euros; uma caixa de pílulas, 1,50 euros. Porém, nesse país, considerado um dos mais pobres do mundo, mais de 80% da população vive com menos de 2 euros por dia. Embora os métodos contraceptivos não sejam vistos como uma emergência pelas agências responsáveis ou pelo Ministério da Saúde, é essencial que as mulheres tenham acesso a eles a fim de prevenir essa tragédia evitável.
Médicos Sem Fronteiras (MSF) apoia a unidade de maternidade em Gbaya Dombia, no bairro PK5, e a maternidade Castors, em Bangui. Nessa região, a equipe oferece cuidados obstétricos e neonatais (incluindo cuidados de emergência na maternidade Castors, uma das maiores do país), cuidados médicos relacionados a abortos, tratamento para vítimas de violência sexual e métodos contraceptivos para mulheres. Durante o primeiro semestre de 2017, 4.024 mulheres deram à luz na maternidade Castors e 279 em Gbaya Dombia. Também em Gbaya Dombia, onde métodos contraceptivos estão disponíveis para todos, o serviço de planejamento familiar registrou 1.724 consultas iniciais.
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