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Pacientes precisam superar o estigma para obter cuidados de saúde mental
Na pequena cidade de Wadi Khaled, na província de Akkar (norte do Líbano), Khaldieh está sentada em sua sala de estar, ouvindo os conselheiros com atenção total. Apesar da distração barulhenta de seus netos que estão brincando nas proximidades, ela permanece focada na sessão em questão, fazendo perguntas à medida que vão surgindo. A saúde de seu filho é sua principal preocupação hoje, como tem sido por quase uma década de sua vida.
Seu filho, Hussein, foi diagnosticado com esquizofrenia há nove anos, mas chegar a esse diagnóstico não foi uma jornada fácil. “Meu filho voltou para Akkar depois de passar seis meses trabalhando em Beirute. Ele tinha dificuldades para dormir e não tinha consciência de suas ações ou do ambiente. Ele não nos reconhecia mais”, diz Khaldieh. “Ele costumava fugir da casa à noite. Eu ia procurá-lo e chorava muito. Eu sofri muito.”
A família de Hussein estava convencida de que ele estava amaldiçoado, então Khaldieh o levou para ver vários xeques (líderes religiosos) para “remover o jinn (espírito maligno) de seu corpo”. Ele foi espancado em uma tentativa de remover o jinn, sem qualquer resultado. Foi quando ela levou Hussein para ver um psiquiatra em Trípoli. Seu filho começou a melhorar, mas a longa viagem, os custos de transporte e o tratamento inacessível logo se tornaram desanimadores.Mais tarde, Khaldieh ouviu falar dos serviços gratuitos de saúde mental oferecidos por Médicos Sem Fronteiras (MSF) em Wadi Khaled, em uma sessão de conscientização com um conselheiro de MSF. A partir de então, Hussein começou a receber apoio da equipe de saúde mental e continuou seu tratamento na clínica de MSF. A equipe organiza sessões de conscientização sobre questões psicológicas e como lidar com elas, além de oferecer sessões individuais de saúde mental. Um psiquiatra também está presente na clínica de MSF, uma vez por semana.
Em Wadi Khaled, os pacientes enfrentam condições de vida difíceis e lutam contra a pobreza, o desemprego e o acesso restrito aos serviços de saúde. E embora os problemas de saúde mental sejam comuns na comunidade, eles ainda enfrentam o estigma. Essa questão é ainda mais exacerbada pelo fato de que há uma clara falta de profissionais de saúde mental na província de Akkar. Esses dois fatores, além da falta de conscientização da comunidade, abrem caminho para um aumento de crenças supersticiosas em torno de questões de saúde mental.
Em casa, durante uma sessão de apoio com a família de Hussein, a conselheira de MSF Nathalie Said oferece informações sobre o diagnóstico, enfatizando a importância de se comprometer com o plano de tratamento. Ela responde a todas as suas perguntas em um esforço de combater o estigma em torno da saúde mental e incentivar todos a procurarem ajuda profissional quando necessário. “Se você quebrar seu braço, você não tem escolha a não ser colocar um gesso nele para que a fratura se cure; então, por que deixamos o estigma atrapalhar a cura de problemas de saúde mental?” Nathalie diz a Khaldieh. “A saúde mental é tão importante quanto a saúde física e uma complementa a outra.”
Esse sentimento também é compartilhado por Bushra, uma paciente de MSF que está prestes a completar dois anos de tratamento. Ela sempre entra na clínica de MSF com um grande sorriso no rosto. Bushra vivenciou transtorno de estresse pós-traumático e ansiedade grave após a morte de ambos seus pais no período de dois meses, quando houve aumento da violência na região. “Não havia nada de errado comigo, mas de repente me vi sozinha, tomada pelo medo e pela tristeza”, explica ela.
Apesar do ceticismo que ela enfrentava por parte da família e dos amigos, Bushra começou a participar de sessões individuais de saúde mental com o psicólogo de MSF e, depois, com o psiquiatra. “Quando cheguei à clínica pela primeira vez, estava em péssimo estado”, diz ela. “Eu voltei a ter esperança com a ajuda da equipe de saúde mental de MSF desde a minha primeira sessão. Eu sempre esperava ansiosamente pela próxima consulta.”
Toda semana, o psiquiatra Hassan Chamseddine viaja mais de 150 quilômetros desde Beirute para trabalhar na clínica de MSF em Wadi Khaled. Ele ressalta que o estigma é um grande desafio porque impede que as pessoas busquem ajuda e pode causar equívocos. No entanto, ele acredita que os serviços de saúde mental de MSF tiveram uma influência positiva na comunidade. “O trabalho de MSF contribuiu para mudar a percepção das pessoas sobre doenças mentais”, diz ele. “Nossos pacientes e seus cuidadores começaram a informar seus parentes e vizinhos sobre os serviços de saúde mental disponíveis aqui e alguns estão até trazendo-os para a clínica de MSF para que eles possam melhorar.”
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MSF trabalha em Wadi Khaled desde 2016 e atualmente é a única organização na área que oferece serviços avançados de saúde mental, como sessões individuais e consultas e medicamentos psiquiátricos.
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