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MSF tratou 1.914 sobreviventes de violência sexual apenas nos primeiros seis meses de 2018
A voz de Tatiana* é quase inaudível quando ela relata o que lhe aconteceu em Bambari, na República Centro-Africana (RCA), três meses atrás: “Meu marido foi morto por homens armados e depois eles me mantiveram presa. No acampamento, os homens me violaram. Eu fiquei lá por vários dias. Perdi um dos meus filhos no acampamento e pouco tempo depois consegui mandar meu outro filho para fora do acampamento para comprar alguma coisa. Eu finalmente consegui fugir.”
A história de Tatiana não é única. Uma chuva torrencial cai no telhado enquanto nos sentamos em uma pequena sala na clínica de violência sexual de Médicos Sem Fronteiras (MSF), no hospital comunitário em Bangui, capital do país, onde quase 800 pacientes foram tratados desde a inauguração, em dezembro de 2017. A maioria dos pacientes atendidos na clínica são mulheres e 25% delas têm menos de 18 anos. Em todos os seus projetos no país, MSF tratou 1.914 sobreviventes de violência sexual apenas nos primeiros seis meses de 2018, a grande maioria atendida em clínicas e hospitais em Bangui. Esse fluxo de sobreviventes demonstra o enorme nível de necessidade em um país dividido por conflitos e carente tanto de assistência médica confiável quanto de um sistema judicial funcional.
O tema da violência sexual raramente é abordado em público, mas Susi Vicente, coordenadora do projeto de violência sexual em Bangui, confirma que há muitos pacientes em potencial. “Está claro que os números que temos representam apenas a ponta do iceberg. Sabemos que há um problema e que a população precisa saber que o tratamento e a ajuda estão disponíveis. Uma vez que as pessoas ficam cientes de que serviços médicos gratuitos estão disponíveis, elas ficam ansiosas para buscar tratamento.”
O amplo uso da violência sexual como arma de guerra na República Centro-Africana foi bem documentado: em 2017, a organização Human Rights Watch descobriu que grupos armados usaram rotineiramente o estupro e a escravidão sexual como arma de guerra durante cinco anos, entre o início de 2013 e meados de 2017. Essa história recente é um mau presságio para os civis que enfrentam atualmente outra escalada de violência no país. No primeiro semestre de 2018, ocorreram novos surtos de violência em várias regiões. Em abril deste ano, novos conflitos eclodiram em Bambari, cidade anteriormente considerada livre de armas, dando origem a casos como o de Tatiana.
Embora os perigos sejam maiores onde quer que haja combates, a ausência geral de salvaguardas e mecanismos para proteger os que estão em risco também é um problema que cria um ambiente preocupante para mulheres e crianças que têm pouco acesso à justiça no caso de um ataque.
“Se alguém vier e disser que o padrasto está atacando a filha ou uma prima, não existe um sistema que lhes garanta um refúgio seguro”, continua Susi, “e isso pode ser deliberadamente ignorado pela família da vítima. Muitos dos nossos casos estão relacionados a abuso doméstico cometido por um membro da família ou alguém da comunidade.”
A disponibilidade de obstetrizes, médicos e psicólogos na clínica permite que os pacientes realizem exames de saúde física e mental. Se um paciente chega no período de 72 horas após um ataque, os médicos são capazes de prescrever a profilaxia pós-exposição, o que pode prevenir a infecção pelo HIV. Os psicólogos de MSF podem trabalhar a longo prazo com os pacientes para ajudá-los a reconstruir suas vidas após uma agressão sexual.
Para Tatiana, a vida melhora lentamente. Agora, ela mora com seu irmão e sua família e ajuda sua cunhada no trabalho diário. Mas esse trauma grave não é facilmente esquecido e as lembranças continuam. “No começo, não era fácil. Desde que comecei o tratamento aqui, e depois de conversar muito com o conselheiro, me sinto um pouco melhor do que antes. Mas também não é fácil. Não é nada fácil.”
*Nome alterado para proteger a identidade da paciente.
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