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Famílias são frequentemente forçadas a deixar suas casas em decorrência dos conflitos; nova onda de violência atingiu o país no final de 2020
Nos últimos sete anos, Youmusa Aguida, de 55 anos, e sua família foram expulsos quatro vezes por causa de combates na República Centro-Africana. Em 2016, eles chegaram perto da cidade de Bambari, onde se instalaram em um acampamento de deslocados chamado Elevage, junto com outras pessoas da comunidade seminômade de Peul.
Youmusa pensou que sua família havia finalmente encontrado segurança. Mas, após um período de relativa quietude, uma nova onda de violência atingiu o país no final de 2020, ligada ao processo eleitoral nacional. Quando os confrontos começaram em Bambari, todos os 8.500 residentes do acampamento foram expulsos à força em 5 de junho. Todos os prédios, incluindo mesquitas, lojas e um posto de combate à malária montado por Médicos Sem Fronteiras (MSF), foram completamente queimados.
Essa última onda de violência foi muito para a mãe de Youmusa suportar. “Ela não conseguiu lidar com mais uma mudança”, diz Youmousa. “Depois que fomos expulsos do Elevage, ela se recusou a comer, não dormia e quase não falava. Ela faleceu na semana passada e nós a enterramos no cemitério de Bambari, muito longe de sua cidade natal”.
Como a maioria das pessoas que foram forçadas a deixar o acampamento Elevage, Youmousa e sua família agora vivem no complexo da mesquita central de Bambari, enquanto outros estão sendo hospedados por famílias locais. As condições de vida ao redor da mesquita são terríveis. As pessoas dividem quartos pequenos e lotados, outras dormem em abrigos improvisados. A estação das chuvas piora a situação.
“Quando chega uma tempestade, a água vem de todos os lados. A lona é velha e tem buracos, e o chão é só terra, então o interior do abrigo fica uma bagunça”, conta Yougouda Bangagui, de 73 anos. “Mas o mais difícil para mim é me sentir inútil, porque somos totalmente dependentes da ajuda humanitária. Eu gostaria de voltar para as terras que abandonamos perto do Elevage, mas se as autoridades te virem com um facão (para agricultura), eles te prendem. Rezo todos os dias para que nos tirem daqui, para algum lugar onde possamos viver em paz”, diz Yougouda.
Vivendo com medo constante
As pessoas que vivem no acampamento improvisado não se sentem seguras. Hawa Oukourou, de 40 anos, e seu marido não saíram da mesquita desde que chegaram. Ela diz que tem medo de ser presa porque eles não têm carteira de identidade. Às vezes, o casal envia seus filhos para encontrar lenha e comida, mas Hawa se preocupa com as oito meninas pequenas.
“Quando elas saem da mesquita, me preocupo que algo possa acontecer com elas, que talvez elas não voltem, que alguém as roube de mim”, conta a mãe. Seu marido, Rebeau Bouda, diz que tem dificuldades para dormir por causa das preocupações. Ele se sente mal por não poder alimentar nem proteger sua família.
“Meu sonho é encontrar um lugar onde possamos nos estabelecer para sempre, onde ninguém possa nos expulsar”, conta Rebeau. “Eu gostaria de falar com os grupos armados e perguntar a eles: ‘O que ganham gerando tanta dor?'”. O ciclo de violência continua.
Em meados de agosto, Sallet Abdoulay, de 17 anos, voltou de pastorear suas vacas fora da cidade quando um homem armado em uma motocicleta parou de repente e disparou contra ele, deixando-o sangrando no chão. Mais tarde, um amigo conseguiu levar o jovem ao hospital apoiado por MSF em Bambari, onde os médicos conseguiram remover uma bala de seu abdômen e estabilizá-lo. Porém, a lesão na coluna de Sallet foi tão grave que nossas equipes tiveram que transferi-lo de avião para a capital Bangui para receber tratamento especializado.
Seu pai, de 57 anos, nunca saiu de seu lado. Ele também quase perdeu a vida uma vez e passou três meses no hospital em Bambari. As cicatrizes de facão que cobrem seu corpo contam uma história de muitos anos de sofrimento.
Crianças sem oportunidades para o futuro
Os conflitos em curso também deixaram cicatrizes invisíveis, especialmente nas crianças. Meninos pequenos vagam pelas ruas de Bambari vendendo nozes-de-cola para ganhar a vida. A maioria deles é de Lima, um vilarejo próximo a Bambari que foi atacado por um grupo armado em 2014. Todas as crianças perderam um ou ambos os pais.Idrissa, de 10 anos de idade, mora com a mãe e o irmão mais novo no centro da cidade. “Quando meu pai foi morto, minha mãe caiu em profunda tristeza. Ela passa o dia chorando, não faz mais nada. Então é a minha vez de sair e trabalhar”, diz o menino.
“Eu ando o dia todo, das sete da manhã às sete da noite, vendendo noz-de-cola. Até o ano passado, eu frequentava a escola, mas agora ela está fechada. Todos os professores deixaram Bambari por causa do conflito e isso me deixa triste. Sei que, se não aprender, não vou me tornar um grande homem”, conta Idrissa.
As crianças na área testemunharam muita violência em suas jovens vidas e correm o risco de serem recrutadas por grupos armados enquanto estão sozinhas nas ruas. Mas elas não perderam a esperança de um futuro melhor.“Meu sonho é me tornar presidente da República Centro-Africana”, disse Amadou, de 12 anos. “Eu daria dinheiro aos pobres para que eles pudessem viver do comércio e não das armas”.
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