A cólera geralmente surge em contextos que envolvem superlotação e acesso inadequado à água limpa, coleta de lixo e banheiros. A doença causa diarreia profusa e vômitos, que podem levar à morte por desidratação intensa, por vezes, em questão de horas.

O risco de contração de cólera é maior logo após emergências, como o terremoto que devastou o Haiti em 2010, mas pode acontecer em qualquer lugar. A situação pode se tornar especialmente problemática durante a estação chuvosa, quando as casas e latrinas inundam e a água contaminada se acumula em poças.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos, há de 1,4 a 4,3 milhões de casos de cólera e de 28 mil a 142 mil mortes no mundo devido à doença.

1.

Causa

A cólera é causada por uma infecção no intestino provocada pela bactéria vibrio cholerae. A bactéria faz com que as células que revestem o intestino produzam uma grande quantidade de fluidos que causam diarreia e vômitos.

A infecção se espalha quando há ingestão de alimentos ou água contaminada com fezes ou vômito de uma pessoa infectada com a doença.

O suprimento de água ou comida contaminadas pode causar surtos maciços em um curto espaço de tempo, principalmente em áreas superlotadas, como favelas ou campos de refugiados.

2.

Sintomas

Geralmente, os sintomas aparecem de dois a três dias após a infecção, mas podem surgir em algumas horas ou em até cinco ou mais dias. A infecção por cólera é normalmente leve e assintomática, mas, por vezes, pode ser grave, resultando em diarreia aquosa profusa, vômito e câimbras nas pernas.

O paciente rapidamente perde fluidos corporais, o que leva à desidratação e ao choque. Sem tratamento, a infecção pode levar à morte em questão de horas.

3.

Diagnóstico

A cólera pode ser diagnosticada por meio do exame de amostras de fezes ou do reto, mas, devido à rápida evolução da doença, o tempo para a realização do exame é normalmente curto.

Em meio a uma epidemia, o diagnóstico é geralmente feito com base no histórico do paciente e em um breve exame. O tratamento é iniciado antes mesmo que o laboratório confirme o diagnóstico.

4.

Tratamento

A cólera pode ser tratada de forma simples e efetiva por meio da reposição imediata dos fluidos e sais perdidos devido aos vômitos e diarreia. Com a reidratação imediata, menos de 1% dos pacientes morrem.

As vítimas da cólera são sempre tratadas com soluções de reidratação oral – soluções pré-embaladas de açúcares e sais misturados com água e ingeridos em grande quantidade. A reposição dos fluidos em caso de estado grave deve ser feita de forma intravenosa e, por vezes, combinada com antibióticos.

5.

Atividades

Os profissionais especializados em água e saneamento e os logísticos de MSF desempenham um papel essencial na prevenção da cólera. A doença é tratável e, em muitas situações, as equipes de MSF puderam reduzir as taxas de mortalidade para menos de 1%.

MSF respondeu a surtos de cólera em países como Burundi, Haiti, Malaui, Níger, Nigéria, Quênia, República Democrática do Congo, Sudão do Sul, Zâmbia e Zimbábue. No total, foram 20.600 tratamentos da doença em 2016.

No Burundi, MSF respondeu a dois alertas da doença durante a estação de pico (entre agosto e novembro de 2016).

Os profissionais de MSF continuam a lutar contra o surto de cólera no Quênia, que teve início em dezembro de 2014. Até o fim de 2016, foram reportados 16.511 casos em todo o país. No total, 4.712 pacientes de cólera foram tratados.

Já no Malaui, depois do grave surto de cólera na região do Lago Chilwa, no início de 2016, MSF lançou uma campanha de vacinação em massa que alcançou 108.400 pessoas. Uma inovadora estratégia de duas doses foi usada para 5.863 pescadores difíceis de acessar, com a segunda dose sendo administrada por eles mesmos, duas semanas após a primeira.

A equipe de MSF também ajudou o Ministério da Saúde a estabelecer e manter um centro de tratamento de cólera no hospital-escola de Juba, capital do Sudão do Sul, onde, até o começo de 2017, mil pessoas foram tratadas contra a doença.

Em 2016, durante o surto de cólera na Zâmbia, MSF realizou a maior campanha de vacinação oral contra cólera ja vista no país. Na capital Lusaka, durante o mês de abril do mesmo ano, a vacina foi administrada para mais de 423.774 pessoas.

Esta página foi atualizada em fevereiro de 2018.

 

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