Estima-se que 71 milhões de pessoas no mundo estejam infectadas com a hepatite C crônica. A doença mata uma média de 399 mil pessoas por ano; 72% delas vivem em países de renda baixa ou média.

A doença acomete o fígado e é causada pelo vírus da hepatite C (VHC). Esse vírus pode causar tanto a infecção aguda como a crônica e sua intensidade varia de um leve incômodo que dura algumas semanas a uma doença severa e permanente. Muitas vezes, as pessoas infectadas não apresentam nenhum sintoma durante anos. A hepatite C também é uma das principais coinfecções que afetam pessoas que vivem com HIV/Aids. Isso acontece por essas pessoas serem mais vulneráveis a contrair a doença devido à debilidade no sistema imune e também porque o HIV e a hepatite C têm meios semelhantes de transmissão. Estima-se que mais de 2 milhões de pessoas que vivem com HIV no mundo estejam coinfectadas pela hepatite C.

Confira o relatório da Campanha de Acesso a Medicamentos Essenciais de MSF sobre Hepatite C clicando aqui

1.

Causa

A doença é transmitida pelo vírus da hepatite C (VHC), gerado no sangue. Normalmente, a transmissão ocorre por meio de práticas inseguras envolvendo injeções, reutilização ou esterilização inadequada de equipamentos médicos e por transfusão de sangue ou derivados não testados.

2.

Sintomas

Enquanto aproximadamente 80% das pessoas não apresentam sintomas após a infecção inicial, os que apresentam a forma aguda da infecção podem ter febre, fadiga, perda ou redução do apetite, náusea, vômitos, dor abdominal, escurecimento da urina, dor nas juntas e icterícia.

3.

Diagnóstico

Como normalmente a infecção é assintomática, poucas pessoas são diagnosticadas durante a fase aguda da doença e continuam sem diagnóstico até os sintomas alcançarem um patamar secundário, causando danos ao fígado – muitas vezes décadas após a infecção. Testes sorológicos são usados para detectar a presença de anticorpos do VHC.

 

4.

Tratamento

O tratamento de hepatite C está mudando rapidamente. Os novos medicamentos – chamados agentes antivirais diretos (AAD) – são muito mais seguros e eficazes em comparação a tratamentos antigos, além de causarem menos efeitos colaterais.

Foram disponibilizados, nos últimos anos, tratamentos inovadores e aprimorados para hepatite C que podem curar a doença em um prazo de até 12 semanas. Essas terapias, mais seguras e eficazes, requerem que os pacientes tomem apenas um comprimido por dia, um grande avanço em comparação aos tratamentos anteriores, que envolviam injeções dolorosas e causavam efeitos colaterais mais graves.

 

5.

Prevenção

Reduzir o risco de exposição ao vírus da hepatite C é a melhor forma de preveni-la, visto que não há vacina contra a doença.

6.

Atividades

MSF trata pessoas com hepatite C em 11 países. Desde 2015, ofereceu tratamento com medicamentos antivirais de ação direta (AAD) a cerca de 5 mil pessoas com hepatite C. Dos que completaram o tratamento, o índice geral de cura – medido por “respostas virais continuadas” – foi de 94,9%.

Para que o acesso aos tratamentos seja ampliado no mundo todo, o preço de medicamentos AAD orais para tratar hepatite C devem ser reduzidos urgentemente. A competição entre produtores de versões genéricas do medicamento já está baixando os preços, mas muitos países ainda não têm acesso a essas versões genéricas devido a barreiras de patentes.

Em outubro de 2017, MSF fechou acordos para a aquisição de medicamentos genéricos para a hepatite C pelo valor de US$ 1,40 por dia, ou 120 dólares pelo período de 12 semanas de tratamento para os dois medicamentos principais, sofosbuvir e daclatasvir.

Nos Estados Unidos, a empresa farmacêutica Gilead lançou o sofosbuvir pelo preço de mil dólares por pílula no ano de 2013 e a Bristol-Myers Squibb (BMS) lançou o daclatasvir pelo preço de 750 dólares por pílula em 2015. Com isso, o tratamento de 12 semanas com a combinação dos dois medicamentos chegou a um custo de US$ 147 mil. As empresas também vêm cobrando preços exorbitantes em muitos países em desenvolvimento, paralisando o lançamento de programas nacionais de tratamento e provocando o racionamento do tratamento em muitos países.

A Gilead iniciou negociações de licenciamento com diversos produtores da Índia que desenvolveram e estão começando a comercializar as versões genéricas do sofosbuvir, mas os acordos excluem um número significativo de países em desenvolvimento. Até o fim de 2016, três anos depois do lançamento do sofosbuvir, estimava-se que apenas 2,1 milhões de pessoas no mundo inteiro eram tratadas com os novos medicamentos, restando, ainda, 69 milhões de pessoas sem acesso a eles.

MSF apoia os esforços feitos pela Initiative for Medicines Acess and Knowledge e pela Delhi Network of Positive People para desafiar a solicitação de patente da Gilead para o sofosbuvir na Índia, de modo que versões mais acessíveis do medicamento possam ser produzidas e utilizadas em países onde ele é necessário.

Patentes e acordos restritivos de licenciamento não deveriam ser um impedimento para todos os esforços feitos por países em desenvolvimento para oferecer às pessoas os tratamentos de que elas precisam para viver.

Como o diagnóstico e o acompanhamento da hepatite C são complexos e envolvem muitas etapas, o processo se torna caro e demanda um investimento intenso de recursos. Testes de laboratório para medir a carga viral da hepatite C – necessários para monitorar a efetividade do tratamento – são complexos e demandam laboratórios bem-equipados e profissionais qualificados. Testes mais simples, acessíveis e possíveis de serem usados em contextos de recursos limitados são necessários para permitir o acesso ao tratamento de hepatite C para todos os que precisam.
Página atualizada em janeiro de 2018. 

 

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