Centro de MSF no Rio completa 2 anos melhorando a qualidade de vida em Marcílio Dias

O centro funciona em Marcílio Dias, Complexo da Maré, e oferece, além das consultas médicas e procedimentos de enfermagem, atividades psicossociais importantes para o fortalecimento da comunidade que atende

No dia 9 de julho de 2005, o Centro de Atenção Integral a Saúde de Médicos Sem Fronteiras, em Marcílio Dias, no Complexo da Maré, Rio de Janeiro, completa dois anos de atividades, oferecendo consultas médicas, psicológicas, entre outras atividades psicossociais para mais de 7 mil moradores das comunidades de Marcílio Dias, Mandacaru e Kelson´s.

"Foi a melhor coisa que aconteceu para a comunidade. Todo mundo vem aqui para um atendimento, um apoio, um conselho", diz Cecília Santos Lima Pereira, moradora de Marcílio Dias e auxiliar administrativa, contratada desde o início do projeto, para trabalhar na recepção do centro de MSF. "Eu, que estou aqui na recepção todos os dias, percebo que o centro de MSF passou a ser um ponto de referência para todos nós. Às vezes, alguém chega aqui com um problema de falta de dinheiro, de violência em casa, de drogas na família, e encontra aqui um apoio importante. A gente que vive aqui percebe que a comunidade está muito mais calma, e que todos querem preservar este espaço, que é uma vitória enorme para nós moradores", diz Cecília.

Hoje, o centro de saúde de Marcílio Dias já implementa por completo o PSF – Programa Saúde da Família – que visa a promoção da saúde e a prevenção de doenças. "O grande diferencial do centro de MSF é a melhoria da qualidade vida da população assistida com atendimentos psicossociais, além dos cuidados de saúde oferecidos", explica Mauro Nunes, coordenador de saúde de Médicos Sem Fronteiras no Brasil, que lembra que o centro funciona de segunda a sábado, diferentemente das demais equipes do PSF; proporcionando às pessoas que trabalham durante a semana cuidarem da saúde nos sábados.

Além das consultas médicas e dos atendimentos de enfermagem e serviço social, o centro de saúde que MSF mantém em Marcílio Dias oferece consultas de shiatsu, fisioterapia, aulas de capoeira, taekwondo, hip-hop, bordado, macramê e fuxico, além de atividades como grupos de reflexão para jovens e mulheres, um grupo de jornal formado por jovens da comunidade, e consultas de psicologia – individuais e em grupo – para moradores das comunidades atendidas.

"Conseguimos ainda trazer diversos projetos governamentais e não-governamentais como o Balcão de Direitos da ONG Viva Rio, que oferece assessoria jurídica gratuita de forma regular para a comunidade; a Pastoral da Criança que pesa e acompanha as crianças com freqüência; o PAIF – Programa de Atenção Integral à Família, entre outros programas e projetos que até então não haviam chegado a Marcílio Dias", lembra Mauro, que reforça a importância da Ação Social realizada no início do ano em Marcílio Dias por Médicos Sem Fronteiras. Foi durante essa Ação Social que a comunidade passou a fazer parte do roteiro de muitos projetos e programas já oferecidos em outras comunidades.

"São atividades que visam melhorar a saúde das pessoas de forma integral e que não estão contempladas durante as consultas médicas, do ponto de vista da medicina tradicional", continua Mauro. "A grande vantagem do trabalho psicossocial integrado é a de dar às pessoas a chance de conhecer alternativas de vida diferente da que estão acostumadas. Muitas vezes as pessoas escolhem caminhos que não são os melhores, por uma falta completa de opções. Mas com a oportunidade de todas essas atividades oferecidas dentro de um centro de saúde, as pessoas se vêem diante de outras possibilidades, de caminhos alternativos mais saudáveis para as suas vidas", conclui.

Graças a esse diferencial, o centro de saúde de Marcílio Dias foi escolhido para ser o campo de estágio para residentes em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Fundação Oswaldo Cruz.

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