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Morten Rostrup, que atuou como médico da organização em clínicas móveis na região de Meulaboh, Indonésia, fala sobre o trabalho realizado na região, as feridas psicológicas e os males físicos surgidos após a tragédia
"Quando cheguei em Meulaboh na costa ocidental de Aceh, comecei a atender pacientes imediatamente, além de ajudar numa avaliação sobre a situação de saúde na região. Tendo a oportunidade de falar com as pessoas durante uma consulta médica, tive uma impressão muito melhor de como estava esta situação”.
"Iniciamos com duas clínicas móveis em Meulaboh no dia sete de janeiro. Com as clínicas, visitamos diferentes campos de deslocados internos que havíamos sido informados. Após alguns dias, já estávamos realizando consultas em cinco municípios. Na primeira semana realizamos cerca de 1.000 consultas, trabalhando sete dias por semana”.
Paralisia
"Em todos os lugares que íamos, víamos os mesmos problemas de saúde: feridas infectadas, doenças de pele, e uma quantidade de outras doenças que eu acreditava serem psicossomáticas, provocadas pelo estresse vivido pelos pacientes durante as tsunamis. As pessoas reclamavam de problemas respiratórios, dores de cabeça, dores musculares e dormência em várias partes do corpo". Elas pareciam descrever seu estado emocional e físico”.
"Quando eu os examinava sem encontrar problemas médicos, eu logo perguntava sobre suas experiências. Se eles haviam visto as tsunamis? Se eles tiveram que nadar? Por quanto tempo eles tiveram que lutar pela sobrevivência? Se eles perderam algum parente? Se perderam suas casas? É terrível, claro, perder todos os seus pertences. Mas passar por uma experiência como esta de ter que lutar para sobreviver é especialmente traumático".
"Um senhor me disse que todas as noites quando tentava dormir, ficava acordado com dores por todo o corpo, embora ele se sentisse bem enquanto estivesse em movimento. Não era dor física o que ele sentia, mas uma dor psíquica que se manifestava em sintomas físicos”.
Perdas traumáticas
"Anteriormente, eu já havia visto como as pessoas que lutam pela sobrevivência numa situação de catástrofe podem desenvolver doenças psicossomáticas. Esta experiência de uma morte eminente, especialmente durante um longo período de tempo, é extremamente traumática. A morte repentina e de forma violenta de parentes também é um grande trauma, assim como perder um filho".
"Ver outras pessoas morrendo sem poder ajudá-las é terrível. Eu conheci um senhor que buscou refúgio das tsunamis no alto de uma palmeira. De lá ele viu muitas pessoas se afogarem. Não havia nada que ele pudesse fazer para salvá-las. Uma experiência desse tipo é uma coisa horrível de se viver”.
"Pior ainda são os casos de pessoas atingidas pelas ondas junto com parentes, tentando desesperadamente salvá-los. Um senhor extremamente deprimido me disse como ele estava segurando a sua esposa com seu braço esquerdo e seu filho com o braço direito. Ele tentava nadar e permanecer acima das águas. O senhor não conseguiu segurar a esposa e também não foi capaz de manter o filho com ele. Ele apenas pode olhar seu filho indo com as ondas. Por lutar pela sua sobrevivência ele terá sempre a lembrança de não ter podido salvar seu filho e sua mulher”.
"Tratei um outro paciente que perdeu os seus quatro filhos, sua esposa e outros parentes. ‘Estou completamente sozinho’ disse ele com uma calma surpreendente. Era simplesmente muita coisa para ele absorver, não havia como ele cair em si. A única forma de uma situação tão anormal fazer sentido é se distanciando dela, você ainda não está de volta a sua vida normal”.
"Um fator importante que torna um pouco mais fácil para as pessoas lidarem com situações como estas é o luto coletivo. Quando você não se sente sozinho numa experiência de perda de familiares, há um sofrimento coletivo que oferece um tipo de consolo. Mesmo assim é muito importante que se tenha alguém de fora com quem você possa conversar. É difícil conversar com um vizinho sobre essa perda, quando o seu vizinho também passou por uma experiência semelhante. Você também precisa falar com alguém que não viveu a mesma experiência que você”.
Oferecendo apoio
"Eu me sentia completamente inútil quando encontrava pacientes que estavam sofrendo de doenças psicossomáticas. O que eu poderia fazer como um médico numa situação dessas? Quando não há nada errado em termos médicos com eles, e não sendo eu um psicólogo, o que eu poderia oferecer para estas pessoas?”.
"Decidi levar os seus sintomas muito a sério e realizar em cada uma dessas pessoas um exame médico rigoroso. Eu fazia uma escuta do coração, do pulmão e os tocava onde eles diziam sentir dor. Então, eu os perguntava sobre o que havia acontecido com eles e explicava a eles que não encontrava nada de errado com a saúde física deles. Isto iria dar ao menos o conforto de saberem que não havia nada de errado com a sua saúde”.
"Na tentativa de oferecer algum conforto e deixá-los mais calmos, eu tentava explicar que o que eles estavam sentido era uma reação bastante normal a uma experiência completamente diferente. Também era importante estar simplesmente diante dessas pessoas e ter a disponibilidade de ouvi-las”.
"Fiquei bastante grato de ter psicólogos trabalhando conosco nas nossas clínicas móveis. Isso me permitiu encaminhar os pacientes com esse tipo de sintomas para um profissional melhor preparado para ajudá-los. Os psicólogos sugeriam aos pacientes formas de retomar o controle dos seus corpos, tocando ou massageando os lugares onde eles sentiam dores. A sensação de paralisia que eles sentiam era, na verdade, um estado psicológico”.
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