Honduras: em apenas dois meses, ambulâncias de MSF garantem que 868 pacientes com COVID-19 cheguem ao hospital com vida

Novo projeto busca diminuir o tempo de espera por transferências em período de pico da doença; atividades também incluem telemedicina, conscientização e apoio psicossocial

Honduras: em apenas dois meses, ambulâncias de MSF garantem que 868 pacientes com COVID-19 cheguem ao hospital com vida

Tegucigalpa. Desde abril, o novo projeto de COVID-19 de Médicos Sem Fronteiras (MSF) em Tegucigalpa, Honduras, administrou três ambulâncias e ofereceu atendimento médico completo por telefone para ajudar a conter a nova onda de casos da doença e prevenir o agravamento dos pacientes. As ambulâncias de MSF reduziram o tempo de espera para que pacientes gravemente enfermos sejam transferidos de centros de triagem para os hospitais.

As autoridades médicas encarregadas da emergência em Tegucigalpa afirmaram que as ambulâncias têm de atender a várias situações médicas e não apenas à COVID-19. No entanto, não havia quantidade suficiente para cobrir as necessidades médicas na cidade e os tempos de espera por uma transferência aumentaram vertiginosamente, às vezes chegando a 12 horas. Desde o início do projeto, em abril, quando os casos de COVID-19 começaram a aumentar novamente, MSF realizou 868 transferências. Em cada caso, o paciente aguardou por menos de duas horas por uma ambulância.

Desde o início da pandemia, 6.353 pessoas morreram de COVID-19 em Honduras (total registrado até a data dessa publicação). Maio de 2021 foi o mês mais mortal, com 1.072 mortes, superando os 840 óbitos registrados em julho do ano passado, que havia sido o maior pico da doença até então. Apenas nos primeiros cinco meses deste ano, foram registradas 112.670 infecções por COVID-19. Este número é quase igual aos 125.557 contágios notificados ao longo de todo o ano de 2020.

“Em contraste com a intervenção em 2020, em que MSF montou um centro de tratamento, hoje o desafio é gerenciar os casos em face da saturação do hospital, da estrutura limitada para transferências de pacientes e da necessidade de ajustes no circuito recém-estabelecido que ajuda a conter o agravamento dos pacientes”, disse Edgard Boquín, coordenador adjunto do projeto de emergência de COVID-19 de MSF.

De acordo com o Ministério da Saúde, em maio, 839 pessoas infectadas pela COVID-19 foram hospitalizadas, sendo 382 em condição estável, 265 em estado grave, 125 em estado crítico e 59 em terapia intensiva. Em Tegucigalpa, a capacidade regular do hospital para terapia intensiva é de 32 leitos.

Apoio psicológico e telemedicina

Junto com as ambulâncias, MSF mantém um serviço médico por telefone para acompanhar os casos e apoiar os pacientes hospitalizados no centro de atendimento ao paciente com COVID-19 do Centro Esportivo UNAH, com ligações de psicólogos e visitas de educadores de saúde. A organização médico-humanitária também trabalha com as comunidades para aumentar a conscientização, compartilhando mensagens de prevenção em áreas de Tegucigalpa com altas taxas de infecção, como El Manchen e San Miguel.

“Além das transferências para hospitais, estamos muito gratos pela contribuição de MSF para o gerenciamento da saúde mental dos pacientes, o que garante apoio à educação psicossocial durante suas recuperações”, relata a dra. Keyla Pérez Williams, coordenadora do centro de atendimento ao paciente com COVID-19.

Segunda etapa do projeto iniciada em maio

Em maio, após treinar sete psicólogos e oito educadores de saúde, MSF deu início à segunda etapa do projeto: fortalecer o apoio psicológico para pessoas hospitalizadas com COVID-19. A equipe é responsável por telefonar, visitar e realizar atividades com os pacientes para ajudar a manter sua saúde emocional estável. Paralelamente, três médicos acompanham pacientes por telemedicina com casos positivos na comunidade.

“É impressionante como as pessoas são gratas por estarem em casa e receberem monitoramento. Uma ligação do médico não só tira as dúvidas do paciente sobre a doença contra a qual seu corpo luta, mas também o acalma emocionalmente, porque ele sente o apoio durante a recuperação”, afirma o dr. Rigoberto Sequeira, coordenador de atividades médicas de MSF.

Terceira etapa: abordagem comunitária

A terceira etapa do projeto é uma abordagem comunitária, que já foi iniciada em seis comunidades de Tegucigalpa. Os promotores de saúde de MSF estão trabalhando para reforçar as medidas de prevenção e controle de infecções para prevenir a disseminação da COVID-19 e reduzir o estigma que os pacientes enfrentam na comunidade. Em apenas um mês, a equipe de promoção da saúde se reuniu com 963 pessoas por meio de palestras, interações com lideranças comunitárias, distribuição de informações sobre biossegurança e saúde mental, bem como encaminhamentos para pacientes com COVID-19 que necessitam de saúde mental, telemedicina ou apoio psicossocial. Além disso, eles transmitem mensagens de saúde usando anúncios por megafone em La Era e Sosa.
 

MSF oferece apoio médico humanitário ao povo hondurenho há 46 anos. O primeiro projeto de MSF em Honduras foi em 1974, após o furacão Fifi. Desde então, a organização tem prestado cuidados em resposta às várias crises que afetaram o país. Atualmente, MSF oferece assistência de saúde abrangente (médica, psicológica e social) para sobreviventes de violência e agressão sexual em Tegucigalpa. Em Choloma, além deste atendimento médico integral, também oferece assistência sexual e reprodutiva em um clínica materno-infantil e a nível comunitário. Em alguns locais de Cortés e El Progreso, MSF continua prestando atendimento pós-emergência para restaurar o acesso à saúde, prevenir a propagação da dengue e fornecer apoio psicossocial às pessoas afetadas pelos furacões Eta e Iota.

 

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