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Por Ferry Schippers, coordenador de projeto a bordo do Aquarius, navio de busca e resgate operado por MSF em parceria com a organização SOS Mediterranée
Depois de um pedido de socorro, fomos orientados a mudar o rumo do nosso barco e voltar para o leste o mais rápido possível. O pedido do Centro de Coordenação de Busca e Resgate Marítimo em Roma (MRCC, na sigla em inglês) mencionava que havia dois botes de borracha a cerca de três horas de distância de nós. Quando chegamos ao local, um navio da marinha italiana já estava lá.
A primeira mensagem que eu ouvi dizia que havia 15 corpos em um dos botes. É claro que eu sabia que as chances de haver mortos nas embarcações são muito altas, mas quando ouvi que a quantidade de pessoas mortas a bordo era tão alta, não parecia ser verdade. O número de mortos que encontramos posteriormente foi ainda maior: vinte e duas pessoas mortas. Vinte e duas mortes desnecessárias.
Meus pensamentos voltaram-se às pessoas que ainda estavam a bordo dos botes de borracha, esperando para serem resgatadas enquanto olhavam para os seus entes queridos ou as pessoas que haviam acabado de conhecer, agora deitadas e mortas aos seus pés. Afastei essa imagem da minha mente, me sacudi… Era hora de agir!
Precisávamos tirar essas pessoas do bote o mais rápido possível, não só pelo fato de não ser uma embarcação segura, em que já havia entrado água, mas também pelo cenário terrível que encontramos a bordo.
Primeiramente, 104 sobreviventes desse bote foram transferidos para o Aquarius, e então outro bote de borracha com 105 pessoas a bordo foi resgatado. No fim da operação, a parte mais desafiadora foi recuperar a grande quantidade de corpos. As pessoas começaram a entrar no barco e olhavam por cima do meu ombro para um lugar distante. A maioria delas nem respondia à primeira pergunta que fazemos quando damos as boas-vindas a alguém que chega ao barco: “Qual idioma você fala?”
Nós demos a cada pessoa uma pequena bolsa com um lençol, alguns biscoitos ricos em energia, meias e uma toalha para usar em seus primeiros momentos no Aquarius. Um homem veio até mim e me explicou, em francês: “Minha esposa está morta e ainda está no barco. Não sei o que fazer.”
A parte final da operação, a de recuperar os corpos do bote de borracha, começou. Três homens foram até o bote, que nós levávamos junto com o Aquarius. Havia muitos corpos, que estavam flutuando em uma poça de água e combustível, então tivemos de usar um guindaste e uma maca para tirar um por um dali. Foi uma cena horrível. Não importava quantos corpos já tivéssemos tirado do bote, ele ainda parecia cheio.
Era muito importante que realizássemos a tarefa de tirar os corpos dos barcos com o máximo de respeito.
Eu estava pensando em muitas coisas naquele momento. O que aconteceu com essas pessoas? Houve sensação de pânico no barco? Houve pessoas se espremendo e se afogando em uma poça tão rasa de combustível e água? Eu senti raiva pela situação, e uma tristeza imensa por essas pessoas tão desafortunadas, que em sua maioria eram mulheres que já sofreram demais.
Elas não cometeram nenhum crime. Apenas buscavam uma vida melhor na Europa, mas tudo que encontraram foi a morte prematura no meio do mar Mediterrâneo, em um barco de borracha precário, cheio de combustível e de água.
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