MSF complementa os conhecimentos do pessoal médico na Serra Leoa

A Academia da Médicos Sem Fronteiras (MSF) foi lançada na Serra Leoa em 2018, com o objetivo de reforçar as competências e capacidades dos profissionais de saúde na linha da frente, de forma a garantir um impacto a longo prazo na qualidade dos cuidados providenciados nas unidades de saúde, após a epidemia de Ébola ter afetado gravemente o pessoal médico do país. 

A Serra Leoa continua a ser um dos dez países com as maiores taxas de mortalidade materna no mundo, tendo registado 354 mortes por 100.000 nados vivos em 2023. Visando reduzir estas taxas, a MSF abriu um hospital no distrito de Kenema, na província oriental do país, que começou a prestar serviços de saúde a crianças em 2019 e, em 2022, a mulheres grávidas e em amamentação.

Através de programas de aprendizagem em cuidados clínicos no desempenho do trabalho, a Academia MSF tem aprimorado as competências dos profissionais de saúde no hospital e nas unidades de cuidados primários que são apoiadas pela MSF, para promover uma melhor qualidade na prestação de cuidados a pacientes.

Estou muito feliz e orgulhosa de mim mesma por ter cumprido e terminado esta formação.”

– Gbassa Josphine Jinnah, enfermeira

Desde 2018 e até maio de 2025, a Academia providenciou formação a 345 profissionais de saúde da Serra Leoa sobre cuidados de enfermagem e práticas éticas, prevenção e controlo de infeções, avaliação de pacientes, apoio a mulheres durante o trabalho de parto, e cuidados cirúrgicos. Estes currículos foram prestados no âmbito de programas mais abrangentes como os de Cuidados Básicos de Enfermagem Clínica, Cuidados em Consultas Externas, Cuidados Clínicos a Parturientes, Cuidados de Enfermagem em Bloco Operatório e ainda programas para Agentes Comunitários de Saúde.

As formações foram ministradas através de currículos assentes na aquisição de competências, feitos à medida e com metodologias de aprendizagem que combinam conhecimento teórico e prática no local de trabalho. Os resultados das avaliações mostram um aumento das competências dos participantes, da confiança no desempenho de funções, da capacidade de tomada de decisões, e da qualidade dos cuidados prestados aos pacientes.

“Mudar as luvas após cada procedimento foi algo que a Academia reviu connosco e que reforçou”, descreve a enfermeira Gbassa Josphine Jinnah, que trabalha no serviço de internamento do hospital da MSF em Kenema. Esta profissional de saúde completou o programa de Cuidados Básicos de Enfermagem Clínica na Academia MSF para a Saúde. “Era um dos meus sonhos, ser uma enfermeira competente. Estou muito feliz e orgulhosa de mim mesma por ter cumprido e terminado esta formação.”

Uma abordagem única concretizada pela Academia foi a introdução de mentores clínicos para acompanhar os formandos nas tarefas junto ao paciente. Estes mentores observam como os cuidados são providenciados, identificam lacunas no conhecimento e apoiam as pessoas em formação na prestação dos cuidados. Os mentores são frequentemente profissionais de enfermagem e agentes comunitários de saúde que trabalham no hospital e que foram qualificados para desempenhar o papel de formadores em vários currículos.

Esta estratégia revelou-se muito eficaz, pois tanto os formandos como os mentores clínicos são colegas. Os mentores ministram sessões teóricas em sala de aula, orientação junto ao paciente, avaliações das lacunas de competências, e técnicas de ensino que são frequentemente adaptadas à pessoa que se encontra em formação.

“Os mentores clínicos e os formandos trouxeram paixão e vontade de ensinar e de aprender”, reforça a responsável pedagógica da Academia MSF na Serra Leoa, Randi Movich. “Trabalham de mãos dadas, o que melhorou o ambiente de aprendizagem.”

Com a Academia MSF para a Saúde a concluir agora este programa de apoio na Serra Leoa, os 345 profissionais de saúde que melhoraram competências continuarão a desempenhar um papel crucial na manutenção de elevados padrões e na prestação de cuidados de qualidade aos pacientes no distrito de Kenema.