Mulher é morta a tiros dentro de ambulância de MSF

Segundo assassinato em nove meses prejudica a presença de Médicos Sem Fronteiras na República Centro-Africana

Uma mulher foi morta dentro de uma ambulância de Médicos Sem Fronteiras (MSF) quando um atirador não identificado disparou contra o veículo na província de Vakaga, no nordeste da República Centro-Africana (RCA) no dia 10 de março. Como resultado, MSF suspendeu as atividades das clínicas móveis que percorriam os arredores das principais cidades da região. Essa é a segunda pessoa a ser morta em um ataque contra MSF nos últimos nove meses na República Centro-Africana. A ambulância transportava uma mulher e seu bebê, que havia recebido alta do centro de saúde de MSF em Gordil. A mulher de 32 anos deixa seis filhos.

“Estamos chocados e indignados com o assassinato da mãe de nosso paciente", afirma Nicole Henze, chefe de missão de MSF. "Esse ataque é inaceitável. Nossa ambulância era claramente o alvo, fazendo com que repensemos nossas atividades nas áreas remotas e nossa presença no país. Todas as pessoas armadas são obrigadas a respeitar a ajuda humanitária. Isso inclui a equipe médica e, acima de tudo, nossos pacientes".

A morte ocorre após uma série de ataques e ameaças contra organizações humanitárias e trabalhadores de saúde registradas durante os últimos meses. Em junho, um trabalhador humanitário de MSF, Elsa Serfass, foi morto por fogo rebelde no noroeste do país, fazendo com que MSF reduzisse suas operações.

Até esse ataque, em todo a RCA, MSF providenciava cuidados de saúdes básicos a populações em áreas remotas, além de transferência e acesso a cuidados de saúde secundários em casos mais graves. No entanto, MSF acredita que as condições necessárias para que suas equipes médicas ofereçam ajuda a essa populações isoladas não existem atualmente.

Grandes partes da população civil no norte da RCA estão sujeitas a bandidos de beira de estrada, abusos por atores armados e deslocamentos repetidos. Os vilarejos foram atacados, saqueados e queimados, forçando as pessoas a fugir para as florestas inóspitas e restringindo gravemente seu acesso a cuidados de saúde.

No noroeste da província de Vakaga, MSF forneceu assistência a uma população de cerca de 35 mil pessoas através de clínicas móveis e fixas em Birao e Gordil. As equipes de MSF trabalham em outros sete locais em Ouham-Pendé, Ouham e Nana-Grébizi, no noroeste do país. Em suas estruturas de saúde, MSF realiza cirurgias, oferece tratamento primário e secundário e trata pacientes com TB, HIV/AIDS e doença do sono. MSF trabalha na República Centro-Africana desde 1997.

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