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Mais de 10 mil crianças, a maioria de origem síria, nasceram sem a certeza de que um dia poderão conhecer o seu país
Uma maternidade mantida pela organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) na província de Irbid, na Jordânia, acompanhou o parto de 10 mil bebês – a maioria de origem síria – em quatro anos. Esses bebês são parte de uma geração de crianças sírias que nunca viram sua nação e podem enfrentar desafios ligados à sua identidade e integração no futuro.
No centro materno-pediátrico no norte da província de Irbid, na Jordânia, Ayesha olha com carinho seus gêmeos recém-nascidos: um menino e uma menina. Por anos, na Síria, sua terra natal, ela e seu marido desejaram um bebê, mas os médicos disseram a eles que Ayesha não podia engravidar. Quando a guerra estourou, o casal deixou o país e seguiu para Amã, a capital da Jordânia. Eles ainda queriam muito ter um filho.
“Usamos nossas poupanças para consultar médicos e descobrir quais eram as nossas opções”, diz Ayesha. “Mas eles diziam a mesma coisa”. Quatro anos se passaram antes que um médico sugerisse fertilização in vitro (FIV). “Chegamos a Irbid para tentar a sorte com a FIV aqui e eu engravidei”, conta Ayesha. “Mas estávamos sem dinheiro e é muito difícil para nós encontrar trabalho na Jordânia. Como eu passaria pela minha gravidez de forma segura?”
Foi mais ou menos nessa época que ela e seu marido souberam da existência do hospital maternidade mantido por MSF na cidade de Irbid, a 15 quilômetros da fronteira com a Síria. O hospital acompanhou o parto de mais de 10 mil bebês, a maioria deles sírios, desde que abriu há quatro anos. A província de Irbid é lar de 140 mil sírios. Muitos deles, como Ayesha e seu marido, deixaram o país no começo da guerra civil.
A Jordânia acolhe 660.550 refugiados registrados, mas, de acordo com as autoridades, mais de um milhão de refugiados vivem no país. Aproximadamente 80 mil vivem em Zaatari e 53.700 em Azrak – o maior campo de refugiados da Jordânia – enquanto outros lutam para se estabelecerem em comunidades urbanas ou se mudaram para áreas rurais.
Nascido como refugiado
Com sua instalação médica que oferece serviços gratuitos, MSF se tornou a principal provedora de cuidados médicos reprodutivos no norte da Jordânia. “Isso nos colocou numa posição única para observar a esperança trazida por novas vidas, mas também nos demos conta de que é possível que esses bebês nunca vejam seu país de origem”, diz Erwan Grillon, coordenador-geral de MSF na Jordânia.
Os gêmeos de Ayesha, e os milhares de bebês sírios que nascem na Jordânia, podem enfrentar uma busca difícil por sua identidade em um país onde, de acordo com as autoridades, refugiados sírios representam um pesado fardo. Pressão na economia local, desemprego, um sistema de saúde sobrecarregado e a ameaça de terrorismo estão entre os temas levantados pelos jordanianos que estão cansados da situação.
“Quando eles vêm para o hospital maternidade, os pacientes falam de seus problemas de integração dentro da sociedade jordaniana”, diz Grillon. “Eles são forasteiros social e culturalmente. São muitas vezes chamados de intrusos na economia. Eles são pobres e batalhadores, mas carregam o peso de ser um fardo adicional no mercado de trabalho jordaniano”.
Até o momento, o governo jordaniano já emitiu mais de 50 mil permissões de trabalho para refugiados sírios e a situação angustiante na Síria provavelmente forçará mais pessoas a cruzarem a fronteira.
Cuidados caros
A instalação de MSF atende todos os dias dezenas de pacientes que vão para receber cuidados de pré e pós-natal ou para dar à luz. Muitas pessoas buscam apoio de saúde mental. Essas famílias não conseguem pagar por serviços médicos em clínicas privadas, onde cada visita custa em média entre 25 e 40 dinares jordanianos (35 a 56 dólares americanos). A maior parte está desempregada, em dívida e depende da limitada ajuda humanitária.
Basma*, uma síria de 20 anos de idade, engravidou no campo de Zaatari. Relutante em permanecer lá, ela e seu marido se mudaram para a periferia de Irbid. Enquanto lutavam para encontrar trabalhos, ter acesso a exames médicos, remédios e consultas era ainda mais difícil. Outro refugiado sírio contou a Basma sobre o hospital maternidade de MSF e ela deu à luz ali alguns meses depois. “Me sinto abençoada. Apesar de toda a dificuldade, o bebê nasceu e agora somos uma família sob os cuidados de médicos e enfermeiros imparciais”, ela diz.
Qual futuro?
As histórias dos pacientes no hospital maternidade revelam a difícil realidade enfrentada pelos refugiados sírios na Jordânia. É difícil construir uma identidade longe de casa e há perguntas que eles se fazem todos os dias. Permanecerão na Jordânia? Conseguirão voltar à Síria e, se conseguirem, o que encontrarão por lá? Qual será o futuro de seus filhos? Serão refugiados por toda a vida?
Apesar da sua alegria de finalmente se tornar mãe, Ayesha também se preocupa com o futuro de seus gêmeos. “Eles nasceram na incerteza. A única coisa da qual estou certa é que eles ainda têm uma estrada difícil pela frente”, conta. “Talvez eles não vejam a Síria por anos – talvez nunca. Nós provavelmente lutaremos mais em um país diferente, mas eles nasceram aqui. Talvez eles se juntem às outras crianças sírias que vão à escola em um turno diferente das crianças jordanianas para evitar confrontos diretos”.
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