Quatro pontos para entender o conflito na República Centro-Africana

Quatro pontos para entender o conflito na República Centro-Africana

1. A guerra em curso gerou uma prolongada crise humanitária na República Centro-Africana, criando graves necessidades de saúde entre a população.

Após a mortal guerra civil iniciada em 2013, a República Centro-Africana (RCA) passou por um período de relativa calmaria. No entanto, as tensões entre os grupos armados mais numerosos explodiram novamente no final de 2016, lançando o país em um novo ciclo de violência. O conflito vem ocorrendo ao longo de 2017 e 2018, com ataques violentos a vários locais, gerando graves necessidades de saúde entre a população.

2. Grupos armados controlam 70% do país e um grande número de feridos tem acesso limitado a tratamento médico.

Alguns dos feridos são encaminhados a capital Bangui para receber tratamento em instalações especializadas. Jean-Noel foi baleado na perna esquerda e foi a Bangui para receber tratamento. “Nós estávamos nos campos colhendo mandioca. Uma milícia chegou ao nosso vilarejo, Ouogo. Eles nos cercaram e atiraram na gente." Sua vida foi salva, mas ele perdeu a perna. Para Jean-Noel e muitos outros, a violência no país levou a feridas que mudaram suas vidas. Nem todos poderão ter acesso aos cuidados de saúde de que necessitam, principalmente as populações em áreas inacessíveis devido ao conflito.

3. Mulheres e crianças, um grupo já vulnerável em tempos de conflito, enfrentam desafios cada vez maiores.

Mesmo para aqueles que não foram diretamente afetados, a violência impactou o acesso a assistência médica, alimentação, água, moradia e educação.  “Uma mãe pode ter de 7 a 10 filhos”, diz Adele Priska Yazando, obstetriz do projeto de MSF no hospital de Castor, em Bangui. “É comum ela não ter dinheiro suficiente para pagar o pré-natal, nem os meios para cuidar da saúde dela e do bebê. Por isso, recebemos pacientes com complicações.”

4. Em muitas regiões, as estruturas de saúde de MSF são o único lugar onde as pessoas procuram tratamento gratuito.

Em Kabo e Bambari, por exemplo, no norte e no sul do país, os hospitais apoiados por MSF são os únicos lugares que oferecem tratamento de feridas à bala. Em março, Bambari passou por um episódio particularmente violento, com equipes médicas recebendo 14 pacientes com ferimentos à bala em apenas uma noite. Porém, outras regiões são inacessíveis àqueles que prestam cuidados de saúde e as pessoas afetadas pelo conflito não têm recursos para pagar por tratamento e medicação.

MSF oferece assistência médica gratuita às mães em todo o país e aos sobreviventes de violência sexual em vários locais da RCA. MSF oferece tratamento ambulatorial e de internação às comunidades locais e aos deslocados internos em 10 províncias. Em Batangafo e Kabo, Boguila e Bossangoa (Ouham), Paoua (Ouham-Pendé), Carnot (Mambéré-Kadéï), Bangassou (Mbomou), Bambari (Ouaka), Bria (Haute-Kotto) e Bangui, nossas equipes oferecem atendimento básico, especializado e de emergência, bem como serviços de maternidade e pediatria.

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