República Centro-Africana

Restaurando o corpo e a mente: fisioterapia no hospital SICA, na República Centro-Africana

Fotos28 Setembro, 2018Tempo de leitura: 1 minutos

Assegurar a recuperação dos pacientes, oferecer o máximo de autonomia para permitir que tenham uma reintegração social e profissional rápida, ajudá-los a viver com a nova condição física: o departamento de fisioterapia do hospital SICA, em Bangui, na República Centro-Africana (RCA), tem um papel essencial no processo de recuperação dos pacientes atendidos.

Na instalação, 75% dos pacientes são sobreviventes de acidentes de trânsito ou foram feridos por armas ou facas. As fraturas são geralmente tão complexas que requerem fixação externa e, em algumas vezes, a amputação do membro atingido. Para evitar consequências de longo prazo, os fisioterapeutas tratam os pacientes o mais cedo possível, assim que saem do centro cirúrgico. Contudo, qualquer que seja o tratamento, o processo de reabilitação pode durar meses ou anos.

Composta por cinco profissionais, a equipe de fisioterapia do hospital oferece em média 150 consultas e monitora a reabilitação de mais de 100 pacientes por semana.

Em abril de 2017, Stephanie foi vítima de um acidente grave de moto enquanto se deslocava nas ruas de Bangui. Ela foi levada para a emergência do hospital SICA, onde teve sua perna esquerda amputada.

“Primeiro, eu recusei a amputação. Para mim, perder a perna estava fora de questão, o que eu faria? Foi muito difícil quando eu acordei da operação. Eu gritava e chorava. Foi graças às reuniões com outros pacientes do hospital que eu comecei a melhorar gradualmente e aceitar minha nova condição. Dois meses atrás eu recebi minha prótese. Foi um alívio. Eu tenho um pé novamente.”

Jean-Noël conduzia uma motocicleta junto aos seus dois cunhados, em Bangui, quando um carro os atingiu. Os três foram levados para o hospital SICA. A recuperação de Jean-Noël foi difícil: ele quebrou o braço e a perna esquerda, deslocou o quadril e fraturou a patela do joelho.

“Fiquei dois meses deitado com a perna imobilizada. Todos os dias, os fisioterapeutas vinham checar meu estado e realizar alguns exercícios para que eu tentasse mover minha perna e meus dedos. Foi muito difícil quando eu consegui me levantar pela primeira vez. Agora eu faço duas sessões de fisioterapia todos os dias pela manhã e durante a tarde. Tenho que me recuperar pelos meus filhos.”

Zakaria estava com amigos quando foi atingido por uma granada, no dia 8 de abril, no bairro de PK5. Naquele dia, dezenas de feridos foram recebidos em nosso hospital. Para Zakaria, o diagnóstico médico foi difícil: fraturas expostas em ambas as pernas e a necessidade de amputar a esquerda. Apesar disso, ele não perdeu seu sorriso radiante.

“Quando os médicos comentaram sobre a amputação, eu percebi imediatamente que essa era a minha única opção. Eles também falaram sobre a possibilidade de eu viver com uma prótese. Duas vezes na semana eu venho ao hospital para trocar os curativos e realizar sessões de reabilitação. Os outros pacientes me chamam de ‘o chefe’, porque converso com todos e sempre estou de bom humor. Desde o acidente, raramente caminho pelo bairro. Tenho medo de algo acontecer novamente.”

Era Ramadã e Harou estava saindo da mesquita no bairro PK5, quando dois homens armados o atacaram com uma faca para tentar roubar sua motocicleta. Quando ele recuperou a consciência, ele já estava internado no hospital SICA. Desde esse dia, ele luta para retomar sua rotina.

“Sem atendimento médico eu provavelmente estaria morto. Meu tórax e meus pulmões foram particularmente afetados. É por isso que, durante as sessões de fisioterapia, eu faço exercícios para fortalecer minha respiração. O apoio que recebi no hospital me ajudou a não perder a cabeça. Hoje eu me sinto muito mais forte.”