Sudão do Sul: MSF e Unicef tratam 16 mil crianças durante campanha massiva contra a malária em acampamento de proteção de civis em Bentiu

MSF já havia alertado que o país estava a um passo de enfrentar uma nova estação excepcionalmente grave de malária

  • VOCÊ ESTÁ AQUI
  • Atualidades
  • Sudão do Sul: MSF e Unicef tratam 16 mil crianças durante campanha massiva contra a malária em acampamento de proteção de civis em Bentiu
sudao-do-sul-msf152225-msfjacob_kuehn

Em resposta a um aumento dramático da incidência de casos de malária no acampamento de proteção de civis (PoC, na sigla em inglês) da Organização das Nações Unidas (ONU) em Bentiu, no Sudão do Sul, a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF), em cooperação com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), concluiu uma campanha que foi de porta em porta para oferecer tratamento para a malária para mais de 16 mil crianças entre seis meses e cinco anos.

Nas últimas sete semanas, equipes de MSF trataram até 4 mil pacientes de malária por semana em suas instalações de saúde no PoC de Bentiu, um escalonamento de 43 vezes mais do que os dados do início do ano. Como resultado da disparada do número de casos de malária, agravada pelo acesso limitado a cuidados básicos de saúde e à falta de acesso precoce a diagnóstico e tratamento da doença, muitas crianças começaram a chegar ao hospital MSF no interior do PoC com infecção grave de malária. Na semana passada, uma média de três crianças morreram da doença todos os dias no hospital de MSF após chegarem em estado grave. Em resposta, MSF e o Unicef lançaram uma campanha que foi de porta em porta oferecer tratamento para a malária, a fim de facilitar o acesso prévio ao tratamento para as crianças.

“O surto de malária no acampamento de Bentiu é sem precedentes e tem tirado a vida de crianças demais”, diz Vanessa Cramond, coordenadora médica de MSF em Bentiu. “Com as crescentes morbidade e mortalidade entre a população de menores de cinco anos, era evidente que seria necessária outra estratégia de resposta para chegar àqueles em maior risco de morte.”

A campanha aconteceu entre 10 e 17 de setembro. Mais de 210 agentes de saúde comunitários foram empregados na campanha, avaliando, de porta em porta, aproximadamente 30 mil crianças com suspeita da doença e oferecendo tratamento para 16.118 delas.

“Nosso objetivo com essa resposta emergencial tem sido oferecer acesso precoce ao tratamento para a malária ao segmento mais vulnerável da população – crianças com menos de cinco anos – antes que sua condição se deteriore ao ponto que suas vidas estejam correndo grave perigo.”

A população do PoC de Bentiu mais que dobrou desde maio, para mais de 110 mil pessoas, colocando ainda mais pressão sobre os recursos médicos e humanitários existentes. Nos últimos dois meses, MSF ampliou suas operações médicas significativamente, inaugurando três novas clínicas de saúde emergenciais pediátricas e três pontos de saúde dedicados à malária dentro do PoC, e treinando e oferecendo trabalho para 120 agentes de saúde comunitários para monitorar o estado de saúde da população. MSF também expandiu a capacidade de leitos de seu hospital de mais de 60 leitos para um total de mais de 170.

O hospital de MSF no PoC de Bentiu é o único hospital disponível para a população do acampamento. Ele oferece cuidados 24 horas na sala de emergência, cuidados intensivos para crianças desnutridas, tratamento médico em alas adultas e pediátricas, assim como serviços cirúrgicos e de maternidade. Como resultado de outros surtos simultâneos de doenças infecciosas, MSF também administra duas alas isoladas para pacientes com suspeita de hepatite E e sarampo. As atividades de MSF em Bentiu são apoiadas por mais de 40 profissionais internacionais e 350 locais.

MSF é uma das maiores provedoras de assistência médico-humanitária neutra, independente e imparcial no Sudão do Sul, com mais de 3.300 profissionais atuando no país. Até o momento, MSF administra projetos em sete dos 10 estados do Sudão do Sul.

No início desse ano, MSF alertou que o Sudão do Sul poderia estar a caminho de uma segunda estação de malária excepcionalmente grave, na medida em que a organização testemunhou altos picos nas admissões de casos da doença em seus projetos no país. Em 2014, MSF tratou mais de 170 mil pacientes para a malária no Sudão do Sul.

Partilhar