Sudão do Sul

Sudão do Sul: Vacinação

Fotos25 Abril, 2014Tempo de leitura: 1 minutos

Em julho de 2013, diante dos altos índices de mortalidade infantil no campo de refugiados de Yida, no Sudão do Sul, Médicos Sem Fronteiras teve que agir. Doenças que podem ser prevenidas por vacinas, como a pneumonia, estavam matando as crianças. A campanha de vacinação fez dos primeiros usos da vacina pneumocócica em meio a uma emergência humanitária. Na Semana Mundial da Imunização, trazemos a você alguns retratos para que note, nesses rostos, a mudança no humor das crianças e a alegria, a ternura e o comprometimento compartilhado pelas mães. Compartilhe e nos ajude a chamar a atenção para a importância das vacinas para crianças por todo o mundo! (Fotos: ©Yann Libessart/MSF)

Cerca de 75 mil refugiados procuraram abrigo em um acampamento próximo de Yida, no Sudão do Sul, após a eclosão de confrontos entre o governo sudanês e forças rebeldes. Por volta de três quartos dos refugiados no campo eram mulheres e crianças.

A vida no campo de Yida era difícil naquele momento. A comida era escassa e as condições sanitárias precárias. Quando as chuvas chegaram, o acampamento ficou com muita lama e difícil de reabastecer com suprimentos. A água potável era limitada, o que aumentou o risco de doenças.

Em 2012, quando MSF percebeu um alto índice de mortalidade infantil incomum em Yida , a pneumonia foi apontada como uma ameaça às crianças dali. As difíceis condições no campo, como a superlotação e as mudanças climáticas, aumentaram o risco de doenças respiratórias.

Após longas e difíceis negociações, MSF pôde obter a vacina pneumocócica, que é bastante cara, a um preço reduzido. Em 2013, organizamos uma campanha de vacinação para proteger as crianças de Yida contra a pneumonia e outras doenças causadas pela bactéria pneumococo, como a meningite e a otite.

MSF ofereceu também vacinação contra a poliomielite para os residentes do acampamento e para as comunidades do entorno. A mulher e a criança da foto viviam no acampamento e vieram das Montanhas Nuba, no Kordofan do Sul, no Sudão, onde os cuidados de saúde são limitados. É comum que os refugiados movimentem-se pela fronteira sudanesa, ora para o Sudão do Sul, ora de volta para o Sudão.

Foto: Yann Libessart/MSF

Inúmeras vezes, observamos mulheres em países em desenvolvimento demonstrarem uma incrível determinação no cuidado com seus filhos. Esta mulher chegou a Yida depois de carregar seu filho por três dias sob temperaturas superiores a 40oC. Ela pode ter vindo ao acampamento, originalmente, para a distribuição de alimentos que aconteceu no mesmo dia da campanha de vacinação, mas permaneceu ali para vacinar a criança.

Em emergências como esta, grupos de refugiados ficam particularmente vulneráveis a doenças que podem ser prevenidas por vacinas. MSF está pedindo às companhias farmacêuticas que garantam que organizações humanitárias como a nossa tenham acesso aos menores preços para as vacinas necessárias para responder às emergências.

MSF trabalha para conseguir preços mais baixos de vacinas, para que países pobres possam arcar com os custos. Também pressionamos governos para que permitam que crianças com mais de um ano de idade possam receber as vacinas que perderam, para que estejam em acordo com o padrão internacional. Além disso, encorajamos a Aliança Mundial para Vacinas e Imunização (GAVI), maior financiadora de vacinas em países pobres, que pague para que crianças com mais de um ano de idade sejam vacinadas.

A maioria das vacinas precisam ser mantidas em temperaturas entre 2 e 8oC para que sejam efetivas. Em países em desenvolvimento, onde o suprimento de energia elétrica pode não ser confiável, manter esse resfriamento é um enorme desafio logístico. Somos levados a utilizar refrigeradores portáteis e pacotes de gelo para manter a cadeia de frio. MSF pressiona por vacinas que não estraguem quando submetidas ao calor ou ao frio.

Acreditamos que nenhuma pessoa que precise de imunização deva ser negligenciada, não importa a sua idade. Qualquer ocorrência, desde a escassez de estoque à falta de energia elétrica para manter o resfriamento dos suprimentos, pode significar o fracasso da jornada de uma mãe na tentativa de vacinar seu filho.

Ficamos aliviados por termos tido a oportunidade de proteger as crianças no campo de Yida contra a pneumonia e outras doenças. Mas ainda é preciso fazer muito: todos os anos, uma em cada cinco crianças no mundo com menos de um ano de idade não tem acesso às vacinas de que precisa.