A Médicos Sem Fronteiras (MSF) é uma organização humanitária internacional que leva cuidados de saúde a pessoas afetadas por graves crises humanitárias. Também é missão da MSF chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelos pacientes atendidos em seus projetos.
Como organização médica, buscamos sempre oferecer o melhor tratamento disponível aos nossos pacientes. O trabalho de MSF envolve uma grande variedade de atividades, desde a organização de campanhas…
Veja as principais atualidades sobre as atividades da Médicos Sem Fronteiras.
Saiba mais sobre os nossos projetos no terreno e as nossas atividades em todo o mundo.
Assista aos vídeos sobre o trabalho da Médicos Sem Fronteiras em diversos projetos pelo mundo.
Ouça as histórias e as experiências vividas por quem está nas linhas da frente das emergências humanitárias.
O que vemos e registamos sobre o trabalho das nossas equipas e as populações que apoiamos.
Participe nos nossos eventos, online ou presenciais, para apoiar e saber mais sobre o nosso trabalho.
Profissionais portugueses contam as experiências nos diversos projetos da MSF.
Para pessoas que estão a viver em Portugal
Para pessoas que não estão a viver em Portugal
O logístico Hugo Agostinho recorda os desafios que há que ultrapassar para chegar a pacientes nas periferias da cidade de Mulungo
Logístico
Estradas pavimentadas são raras e as estruturas de saúde poucas, o que faz com que na MSF tenhamos de ser especialmente criativos para conseguir alcançar as populações, sobretudo nas zonas mais remotas e periféricas em Kivu do Sul.
Vamos onde os outros não chegam, e mesmo quando apenas os nossos recursos não chegam.
Uma manhã de sábado chegou-nos a notícia de que a ponte tinha caído… a 22ª ponte que separava os últimos cinco quilómetros do centro de saúde onde semanalmente prestamos apoio. Os curtos 25 quilómetros percorridos de uma extenuante jornada de três horas em cima de uma mota nunca pareceram tão impossíveis de ultrapassar. E a desilusão era partilhada entre a equipa da MSF, o staff do Zona de Saúde e a frágil população. Como chegar agora às crianças, mães e mulheres vítimas de desnutrição, de malária e de violência sexual? E o suporte humano e material aos centros de saúde para lá desta nova barreira tão complexa de transpor?
Não passaram três semanas e a (não tão) frágil população encontrou uma solução. Uma ponte em lianas, sobre a qual se contavam 35 passos – cerca de 20 metros – num abismo sobre o rio Lubimbe que corria ferozmente uns 20 metros debaixo dos nossos pés!
Não tardou a que às três horas de mota, se acrescentasse uma hora de caminhada pela antiga estrada colonial engolida pela floresta, da qual apenas resta um estreito carreiro cujo piso mais comum é uma lama pegajosa, produto da quase diária presença da chuva.
E algumas semanas mais tarde acrescentaram-se também um dia e meio de caminhada, montanha acima montanha abaixo, floresta fora, para chegar a outro centro de saúde a 35 quilómetros de distância.
As imagens que ficam são da floresta verde salpicada de uma gente de colete branco atrás de uma fila de corajosos voluntários das diversas aldeias transportando preciosa carga.
Nos meus ouvidos ainda soa a canção “MSF, a MSF quem é? São médicos e enfermeiros! E o que estão a fazer? Estão a cuidar gratuitamente da saúde da nossa população!” cantada por dezenas de crianças a cada aldeia que, do nada, surgia pelo caminho.
No dia em que deixei a República Democrática do Congo recebi o telefonema do nosso logístico de periferia. “Papa Hugo, le pont est déjà réparé!” (Papá Hugo, a ponte já está reparada!).
Estamos agora uma hora mais perto do nosso objectivo!