A nível mundial, cerca de 14 por cento das pessoas atualmente infetadas pelo vírus não conhecem o seu estatuto de VIH. Na África Ocidental e Central, uma em cada cinco pessoas a viver com VIH não conheciam o seu estatuto VIH-positivo no fim de 2022. Uma vez feito o diagnóstico da doença, a monitorização da carga viral – medição dos níveis do vírus VIH no sangue – é essencial para avaliar se o tratamento está a funcionar. Enquanto os testes anuais de carga viral são uma rotina em países com rendimentos elevados, o acesso em países com rendimentos baixos ainda deixa muito a desejar.

Não há cura para o VIH, apesar de tratamentos vitalícios com o uso de combinações de medicamentos conhecidos como antirretrovirais (ARV) ajudarem a gerir o vírus e permitirem às pessoas ter uma vida mais longa e mais saudável se forem tomados com regularidade. Apesar de mais 22 milhões de pessoas estarem a ser tratadas hoje do que em 2010, as falhas mortíferas nos tratamentos ainda existem, especialmente nas crianças. No Médio Oriente e no Norte de África; nesta última zona, apenas metade das pessoas a viver com VIH recebem ARV, enquanto que o número na Europa Oriental e na Ásia Central é de 51 por cento.

Enquanto que a maioria das pessoas a viver com VIH consegue manter-se saudável com antirretrovirais de primeira linha – que custam cerca de 63 dólares americanos por pessoa por ano –, algumas pessoas desenvolvem resistência a este regime e precisam de mudar para regimes de segunda linha. Mas o preço dessa mudança é alto – literalmente. Os regimes de segunda e terceira linha são mais de quatro vezes mais caros do que o preço dos regimes de primeira linha.

Em contextos de conflito e quando as pessoas estão deslocadas, assegurar a continuidade dos cuidados para pessoas com VIH – incluindo o fornecimento de medicação a longo prazo – pode ser difícil. As questões logísticas e de segurança são barreiras não só para as equipas da MSF mas também para pacientes a fim de assegurar que as pessoas que vivem com VIH podem aceder a cuidados de saúde e ao tratamento de que precisam para se manterem saudáveis. No Iémen, o fornecimento de tratamentos ininterruptos durante os anos de guerra mostrou-se um grande desafio logístico – e perigoso para o nosso staff e pacientes.

As chamadas “populações chave”, ou grupos de pessoas, incluem pessoas que são afetadas pelo VIH de uma forma desproporcional, incluindo pessoas que levam a cabo trabalho sexual, pessoas que se injetam com drogas, homens que fazem sexo com homens, e pessoas encarceradas. Apesar do risco mais elevado de contrair VIH, estes grupos-chave são mais frequentemente excluídos do acesso ao tratamento e da prevenção, assim como de serviços de saúde abrangentes. O estigma, a discriminação, a exclusão social, a violência e a criminalização fazem parte dos seus desafios diários. Em Moçambique, a MSF disponibiliza pacotes de serviços de VIH e de saúde sexual e reprodutiva em locais-chave a pessoas que fazem trabalho sexual e a homens que fazem sexo com homens.

O VIH reduz a resposta imunitária do corpo e, sem um tratamento eficaz, deixa as pessoas a viver com a doença muito mais vulneráveis a doenças oportunistas mortíferas como a tuberculose (TB). A TB é a doença que mais mata pessoas a viver com VIH, sendo responsável pela morte de 214.000 pessoas a viver com VIH em 2020.