A Médicos Sem Fronteiras (MSF) é uma organização humanitária internacional que leva cuidados de saúde a pessoas afetadas por graves crises humanitárias. Também é missão da MSF chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelos pacientes atendidos em seus projetos.
Como organização médica, buscamos sempre oferecer o melhor tratamento disponível aos nossos pacientes. O trabalho de MSF envolve uma grande variedade de atividades, desde a organização de campanhas…
Veja as principais atualidades sobre as atividades da Médicos Sem Fronteiras.
Saiba mais sobre os nossos projetos no terreno e as nossas atividades em todo o mundo.
Assista aos vídeos sobre o trabalho da Médicos Sem Fronteiras em diversos projetos pelo mundo.
Ouça as histórias e as experiências vividas por quem está nas linhas da frente das emergências humanitárias.
O que vemos e registamos sobre o trabalho das nossas equipas e as populações que apoiamos.
Participe nos nossos eventos, online ou presenciais, para apoiar e saber mais sobre o nosso trabalho.
Profissionais portugueses contam as experiências nos diversos projetos da MSF.
Pode ajudar a MSF de várias formas, fazendo donativos, divulgando o trabalho e angariando fundos para a concretização dos projetos.
O seu donativo faz a diferença, ajuda-nos a levar cuidados médicos a quem mais precisa.
Faça a consignação do seu IRS à Médicos Sem Fronteiras e ajude-nos a salvar vidas!
A MSF depende inteiramente de donativos privados para fazer chegar assistência médica-humanitária a quem mais precisa.
Procuramos novas formas de chegar a cada vez mais pessoas, com o objetivo de envolvê-las com a nossa missão.
Faça do seu testamento, um testamento solidário incluindo a Médicos Sem Fronteiras.
A sua empresa pode fazer a diferença. Juntos podemos fazer ainda mais.
Se tem uma multa ou uma contra-ordenação, saiba que pode fazer o pagamento à Médicos Sem Fronteiras Portugal.
Além de uma doença negligenciada, também os pacientes são negligenciados
“Tudo parecia estranho”, recorda Nneoma Okonogha, paciente de 14 anos que recebeu o tratamento para a febre de Lassa – um vírus transmissível aos humanos através do contacto com alimentos ou utensílios domésticos que tenham sido contaminados por roedores. “Parecia que estava a viver um pesadelo”, conta Nneoma.
Entre as pessoas, o contágio pode ocorrer através do contacto com os fluídos corporais de quem tenha a doença. Nneoma, a irmã Ukamaka, e a mãe, Priscilla, contraíram a febre hemorrágica viral ao mesmo tempo. Todas foram tratadas no Hospital Universitário Alex Ekweme (AE-FUTHA), em Abakiliki, cidade do estado de Ebonyi, na Nigéria.
“Foi tão excruciante que quando os meus filhos gritavam por causa da dor, eu não conseguia ajudá-los, porque também não a conseguia aguentar”, explica Priscilla, que é funcionária do hospital.
A febre de Lassa é endémica na Nigéria, com casos a serem reportados quase todos os anos. Mas foi em 2018, após um grave surto no país, com 600 casos confirmados e 171 mortos, que a Organização Mundial da Saúde mobilizou uma equipa de especialistas do Centro de Controlo de Doenças da Nigéria (NCDC, na sigla em inglês) e do Programa de Formação em Epidemiologia e Laboratório de Terreno da Nigéria (NFELTP, na sigla em inglês) para vários estados do país, incluindo Ebonyi.
Foi também em março de 2018, que a Médicos Sem Fronteiras começou a prestar apoio ao centro de tratamento para a febre de Lassa no AE-FUTHA. Desde então, as equipas da organização médico-humanitária têm colaborado com o Ministério da Saúde para tratar pacientes com a febre hemorrágica viral.
Os tratamentos continuam a ser muito importantes para a comunidade: só no primeiro mês de 2022, mais de 15 pacientes em Abakaliki, no estado de Ebonyi, receberam cuidados para esta doença. Este ano houve já 115 casos confirmados e 26 mortes em 11 estados do país.
“Contraí o vírus em fevereiro de 2021. Quando testei positivo, fiquei pasmada”, sublinha Anastasia, de Abakaliki. “Parecia malária, e fui comprar antimaláricos numa farmácia. Tomei o medicamento durante três dias e continuava doente. Na verdade, estava pior.”
Anastasia tinha febre de Lassa, mas conseguiu receber os tratamentos anti-virais de que necessitava para recuperar e é hoje uma sobrevivente. A primeira suposição que tivera, de que seria malária, é bastante comum.
Os sintomas de febre de Lassa são muito semelhantes aos da malária, o que dificulta o diagnóstico da doença. Além disso, muitos profissionais de saúde não têm formação específica para a deteção e tratamento do vírus. Consequentemente, para muitos pacientes, o diagnóstico correto chega muito tarde, quando já estão numa fase avançada da doença, mais difícil de tratar.
Com este projeto no estado de Ebonyi, em colaboração com o Ministério da Saúde, a MSF pretende mitigar os principais focos de contágio da doença e as repercussões graves sentidas nas comunidades e nas pessoas infetadas. Já está em fase de ensaio um teste de diagnóstico rápido (TDR) para a febre de Lassa no AE-FUTHA, que, ao revelar-se eficaz, pode ajudar a reduzir drasticamente o tempo de espera pelos resultados dos testes laboratoriais.
“Queremos verificar se o TDR pode substituir os métodos de diagnóstico que temos agora”, esclare o médico da MSF Okereke Michael. “Temos sempre de agir com rapidez, porque o paciente pode passar muito depressa de um estado ligeiro para um estado grave. E quando a doença se torna grave, é mais difícil tratá-la”, explica.
Para garantir o progresso do projeto contra a febre de Lassa, a MSF garante o fornecimento continuado de medicamentos, materiais de laboratório e equipamentos de proteção individual. No contexto da febre hemorrágica viral, é também providenciada formação aos profissionais de saúde do AE-FUTHA em gestão clínica e em prevenção e controlo da doença, além de ser prestado apoio em saúde mental a pacientes infetados ou com suspeita de contágio, e às suas famílias, para aliviar o impacto psicológico da doença.
O preconceito associado à doença pode afetar o bem-estar físico e piscológico dos pacientes. Algumas pessoas perdem o emprego, são expulsas das suas comunidades, ou vêm as suas relações afetadas por serem associadas à febre de Lassa, seja como paciente ou como alguém de cuida de pessoas que estejam doentes. A MSF trabalha igualmente para educar e sensibilizar as comunidades, através de uma equipa de promotores de saúde. Em aldeias e zonas rurais de sete áreas governamentais no estado de Ebonyi, são organizadas reuniões comunitárias e campanhas de consciencialização.
“Com o projeto, pretende-se fomentar uma mudança de comportamentos. Falamos com as pessoas, uma de cada vez, para nos certificarmos que todos recebem a mensagem e compreendem as causas e as curas da febre de Lassa”, salienta o supervisor de promoção de saúde da MSF, Benjamin Uzoma.
A equipa de promoção de saúde conta com a participação de cinco sobreviventes da febre hemorrágica viral, que dão o seu testemunho direto sobre a doença à comunidade. “O que eu fiz foi partilhar a minha história”, garante Anastasia, uma sobrevivente. “Tudo isto ajuda as pessoas a perceberem que a febre de Lassa é real, mas também que pode ser curada se o diagnóstico for feito atempadamente”, acrescenta.
“A febre de Lassa é uma doença muito séria, mas quando as equipas médicas e as comunidades estão empenhadas e capacitadas com a informação correta, não só conseguimos reduzir o estigma, como também conseguimos que as pessoas procurem ajuda mais depressa, para que possam recuperar rapidamente”, clarifica o responsável médico do projeto da MSF, Luigi Sportelli.
Como a maioria dos websites, o nosso website coloca cookies – um pequeno ficheiro de texto – no browser do seu computador. Os cookies ajudam-nos a fazer o website funcionar como esperado, a recolher informações sobre a forma como utiliza o nosso website e a analisar o tráfego do site. Para mais informações, consulte a nossa Política de Cookies.