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Condições de vida desesperadoras e falta de proteção em Pulka exacerbam as necessidades agudas de saúde mental
A vida em Pulka não é fácil. A cidade está próxima da frente de batalha do conflito entre os grupos armados militares e não estatais que devastaram o nordeste da Nigéria na última década. De sua população de cerca de 71 mil pessoas, mais de 40 mil foram deslocadas de suas casas em outras partes do estado de Borno.
Sem autoridades civis presentes, Pulka é completamente controlada por militares. Os movimentos das pessoas estão limitados a uma curta distância além do perímetro da cidade para cultivar, mas muitas pessoas não se sentem seguras indo tão longe.
As necessidades mais básicas dos habitantes – especialmente para abrigo, água potável e saneamento – não são adequadamente atendidas. Cerca de 12 mil deslocados estão atualmente no “campo de trânsito” de Pulka, alguns deles vivendo a céu aberto por meses a fio. Eles sobrevivem com menos de três litros de água por dia, muito abaixo dos 15 litros mínimos de água por pessoa por dia recomendados pelos padrões humanitários internacionais para emergências. As pessoas deslocadas já fugiram de conflitos violentos e perderam seus meios de subsistência. Além disso, condições de vida desesperadoras e a falta de proteção em Pulka estão exacerbando as graves necessidades de saúde mental das pessoas.
Mohammed Abba, de 50 anos de idade, fugiu de seu vilarejo, junto com suas duas esposas e 10 filhos, depois que este foi tomado por um grupo armado, deixando para trás tudo o que possuía. Sua família está agora em Monguno, enquanto Abba está 200 km ao sul, no acampamento número 4 de Pulka.
Quando Abba chegou em Pulka, ele se sentiu muito sozinho e ficou desanimado por ter que depender de ajuda para sua sobrevivência. “Eu senti o peso no meu peito, como se meu coração estivesse inchando”, diz Abba. “Eu estava pensando demais – às vezes apenas chorava – e achava difícil dormir à noite. Quando finalmente conseguia dormir, sempre sonhava com meus nove parentes que foram mortos em nossa frente por homens armados em Nguroseye antes de fugirmos da cidade.”
As experiências traumáticas que Abba vivenciou trouxeram problemas de saúde mental. Ele é uma das 1.863 pessoas que receberam apoio de saúde mental e psicossocial de MSF em Pulka, entre janeiro e junho deste ano.
“Nenhum dos meus filhos vai me enterrar quando eu morrer”
Mariya Duniya e Zainab Audu também estão recebendo apoio de saúde mental de MSF. Para Mariya, de 80 anos, a vida parece sem sentido depois que quatro de seus nove filhos foram mortos durante a crise. Apenas os idosos ficaram em seu vilarejo, ela diz. Os militares nigerianos chegaram ao seu vilarejo em uma patrulha e os transportaram para Pulka. Sem seus filhos, Mariya está deprimida e ansiosa com o futuro. “Nenhum dos meus filhos vai me enterrar quando eu morrer” ela diz.
Zainab, 32 anos, viu quatro de seus 10 filhos morrerem durante a crise. Quando a família chegou em Pulka, seu marido foi detido pelos militares. Deixada sozinha para cuidar de seus seis filhos, um dos quais estava muito doente, Zainab sentiu-se sobrecarregada. A equipe de saúde mental de MSF do centro de recepção percebeu o estado em que ela se encontrava e tem oferecido aconselhamento a ela.
Mohammed Abba, Mariya Duniya e Zainab Audu sentiram melhora em suas condições de saúde mental desde que iniciaram o aconselhamento. Todos os três estão encontrando maneiras de ganhar a vida em Pulka: Abba está envolvido em pequenos comércios, Duniya vende amendoins e Audu faz gorros bordados.
“Não há saúde sem saúde mental”
A maioria dos distúrbios de saúde mental entre os pacientes de MSF em Pulka está diretamente ligada à violência. Mais da metade dos pacientes tratados no primeiro semestre de 2019 apresentaram sintomas de depressão, variando de sentir-se triste a ter pensamentos suicidas. Um em cada cinco apresentava sintomas de ansiedade, como preocupação constante ou medo excessivo, e um em cada cinco tinha sintomas de transtorno de estresse pós-traumático, incluindo flashbacks. Um em cada 25 pacientes apresentava um transtorno mental grave com sintomas psiquiátricos. Além do aconselhamento, MSF oferece tratamento com medicamentos para pacientes com transtornos mentais graves.
Muitas crianças em Pulka vivenciaram situações muito angustiantes – como perder pais e parentes para a violência e testemunhar assassinatos. A equipe de saúde mental de MSF oferece atividades recreativas no interior e ao ar livre para as crianças e incentiva-as a se expressarem, por exemplo, em sessões de desenho, para ajudar a identificar quem precisa de apoio.
“Estamos lidando com as necessidades de saúde mental das pessoas porque elas geram altos níveis de sofrimento e, se negligenciadas, podem se transformar em graves problemas de saúde mental que só podem ser tratados com medicamentos psicotrópicos”, diz Retsat Dazang, psicóloga clínico e supervisor de saúde mental da equipe de apoio psicossocial de MSF em Pulka. “A saúde mental é tão importante quanto a saúde física, porque não há saúde sem saúde mental.”
Infelizmente, os cuidados de saúde mental são apenas uma das várias necessidades em Pulka. A coordenadora do projeto de MSF, Stine Jensen, diz que há grandes lacunas na resposta humanitária em Pulka, que têm um enorme impacto na vida das pessoas. “Há uma necessidade urgente de reforço da resposta humanitária em Pulka.” diz Jensen. “Precisamos de outras organizações para ajudar a atender as necessidades básicas das pessoas, especialmente em termos de abrigo, água e proteção, e inclusive cuidados de saúde mental.”
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