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O coordenador dos programas de MSF na Nigéria e no Níger, Guillaume Baret, relata a situação no nordeste da Nigéria
Apesar da presença de grupos armados e das restrições impostas pelas autoridades nigerianas, Guillaume Barnet acredita que soluções podem ser encontradas para prestar assistência em locais onde o exército não controla.
O nordeste da Nigéria está em estado de conflito há mais de dez anos. Como isso afeta os habitantes da região?
A maior parte da população do estado de Borno está concentrada em zonas urbanas, sobretudo na capital Maiduguri, onde, segundo várias estimativas, mais de um milhão de pessoas deslocadas vive atualmente. Grupos armados – o Estado Islâmico na Província da África Ocidental (ISWAP) e o JAS, liderado por Abubacar Shekau – reforçaram seu domínio sobre as áreas rurais de Borno e regiões do Níger, do Chade e de Camarões que compartilham fronteiras com a Nigéria.
Mas, as pessoas continuam vivendo nesses lugares. As Nações Unidas na Nigéria estimam que 1,2 milhão de pessoas vivem em áreas não controladas pelo governo, onde, como a maioria das regiões rurais do Sahel, faltam serviços essenciais e os cuidados de saúde são inexistentes. Este é um problema estrutural agravado pelo conflito.
As pessoas aqui são ainda mais vulneráveis a doenças sazonais, como a malária, que afeta gravemente durante a estação chuvosa e causa desnutrição durante a estação seca. Malária e desnutrição estão entre as principais causas de morte entre crianças pequenas. As epidemias também são ocorrências regulares nessas áreas e, desde 2017, MSF responde a surtos de meningite, hepatite E, cólera e, mais recentemente, sarampo.
Embora as necessidades permaneçam substanciais em áreas controladas pelo governo, como nas “cidades de guarnição” (cidades que são habitadas e mantidas pelos militares nigerianos), onde as tropas estão estacionadas, e na capital do estado de Borno, onde a maioria dos deslocados está abrigada, a situação da saúde se estabilizou com o fornecimento de ajuda.
As equipes de MSF têm capacidade para prestar assistência médica em larga escala nos locais em que estão presentes. Em Maiduguri, com a chegada dos deslocados, a população da cidade dobrou de tamanho. Montamos um hospital pediátrico com cerca de 200 leitos, onde prestamos atendimento a mais de 10.000 crianças anualmente, e este ano tratamos mais de 3.500 pacientes com sarampo quando a doença eclodiu em todo o estado. Na cidade de Bama, um local muito remoto, MSF montou um hospital pediátrico com 30 leitos e implementou uma campanha sazonal de quimioprevenção da malária para proteger 12.000 crianças durante o período de pico de transmissão. Outras equipes de MSF também prestam assistência médica em Gwoza, Pulka e Ngala e, mais intermitentemente, em Rann e Banki.
O número de pacientes e a gravidade dos casos que atendemos em áreas controladas pelo governo, onde a ajuda humanitária pode ser fornecida, nos fazem temer pela saúde das pessoas nas áreas rurais e nas áreas não controladas pelo exército, que não têm acesso a nenhuma assistência. Embora tudo nos leve a crer que um milhão de pessoas que vivem em áreas rurais são ainda mais afetadas pela malária, desnutrição e epidemias, as organizações humanitárias não conseguem chegar até elas.
Por que é impossível chegar a essas áreas no nordeste da Nigéria?
O principal obstáculo para alcançar essas áreas é a insegurança resultante da presença de militantes do Boko Haram (ISWAP) e do JAS. Em 2018, o grupo ISWAP começou a atacar organizações humanitárias e, no outono, assassinou duas obstetrizes que trabalhavam para o Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Depois, em julho de 2019, seis membros da Action Contre la Faim (ACF) foram sequestrados pelo grupo ISWAP. Um deles foi executado em setembro e outros quatro em dezembro. O grupo armado ainda mantém reféns vários outros profissionais humanitários e, há duas semanas, assumiu a responsabilidade pelo sequestro de mais duas pessoas perto de Maiduguri. Durante um ataque no início de 2019 contra Rann, no leste do estado de Borno, grupos armados roubaram estoques de medicamentos e equipamentos médicos que MSF usava para atender pessoas deslocadas. Nossas equipes no sul de Diffa, no Níger, relataram incidentes semelhantes. Tudo isso significa que precisamos ser extremamente prudentes.
Outros problemas são as restrições das autoridades em viajar em determinadas estradas ou nas áreas denominadas “inacessíveis”. O exército nigeriano proíbe ou restringe o acesso nos Estados de Yobe, Borno e Adamawa, dependendo do seu grau de capacidade de garantir segurança. Restrições semelhantes são impostas durante operações militares e de contra-insurgência, destinadas a isolar áreas controladas por grupos armados para impedir o acesso a recursos externos – o que inclui a ajuda humanitária –, sem considerar que civis possam estar presentes.
Esses são os fatores que explicam por que a oferta de ajuda está concentrada nas cidades de guarnição. Em outros lugares, a situação parece muito desafiadora para as organizações de ajuda, sobretudo desde outubro de 2019, quando as autoridades decidiram suspender temporariamente as atividades da ACF e da Mercy Corps, alegando que estavam apoiando grupos terroristas.
Apesar dos muitos desafios, é possível encontrar soluções para prestar assistência em outros lugares além das “cidades de guarnição”?
Existe uma necessidade urgente de se prestar assistência em locais que não sejam cidades de guarnição, em locais onde o sistema de saúde está colapsado e as crianças são as principais vítimas da malária, da desnutrição e do sarampo. Nossas experiências recentes no estado de Yobe nos incentivam a acreditar que podem existir formas alternativas de atuação.
Por quase dois anos, as equipes de MSF prestaram assistência médica nos distritos de saúde em Yanusari, no nordeste de Yobe. MSF também ofereceu apoio ao hospital em Maïné Soroa, no vizinho Níger. As equipes móveis implantaram uma extensa rede de agentes comunitários de saúde treinados e equipados para tratar malária, desnutrição e diarreia, as doenças mais comuns que afetam crianças pequenas. Até julho de 2019, quando um incidente de segurança no Níger nos obrigou a suspender nossas atividades, eles trabalhavam em áreas fora do controle do governo, na região de Yanusari, na Nigéria, e na região de Maïné Soroa, no Níger. Durante nossas atividades, enfrentamos acusações de apoio aos insurgentes e fomos repetidamente solicitados pelo exército nigeriano a suspendermos nossas operações, mesmo que nosso trabalho tenha sido autorizado pelo Ministério da Saúde local, que não podia mais atuar ali.
Dito isto, em dois anos, nossas equipes foram capazes de oferecer mais de 140.000 consultas e prestar assistência hospitalar a 3.400 pessoas gravemente doentes. Nossos agentes comunitários de saúde trataram 24.800 casos de malária e 2.700 crianças pequenas que sofrem de desnutrição aguda grave. Vários casos de sarampo também foram tratados quando a doença eclodiu no início do ano.
Nas ilhas do lago Chade, ao longo da fronteira que separa o Níger da Nigéria, prestamos assistência médica por várias semanas às pessoas que fogem da violência no lado nigeriano do lago. Mais uma vez, obtivemos permissão das autoridades de saúde e das comunidades locais para trabalhar.
Essas experiências nos fazem acreditar que é possível negociar com diferentes atores em campo. O trabalho junto a comunidades locais, para implementar esse tipo de assistência – ainda que de maneira limitada –, garante o tratamento preventivo de doenças que representam as maiores taxas de mortalidade infantil.
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