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Alfred Davies, coord. de projeto de Médicos Sem Fronteiras), estava em Rann, no nordeste da Nigéria, na última terça-feira (17/1) no momento em que um bombardeio perpetrado pelo exército nigeriano atingiu um acampamento de deslocados internos.
No depoimento a seguir, ele conta o que testemunhou no momento do ataque e nas horas seguintes.
“A primeira bomba caiu por volta de 12h30, a poucos metros de distância do escritório da Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). O avião fez meia volta e, cinco minutos depois, lançou uma segunda bomba. Eu chamei imediatamente o resto da equipe por rádio e eles me asseguraram que, por sorte, nenhum deles havia se ferido. Depois, nos encontramos nas tendas que havíamos instalado poucos dias antes.
Dezenas de feridos começaram a chegar, e o grande fluxo de pessoas continuou por horas. Não há palavras para descrever o caos. Algumas pessoas tinham ossos quebrados e a carne dilacerada; alguns estavam com o intestino pendurado, encostando no chão. Vi corpos de crianças que haviam sido partidos ao meio.
As tendas estavam repletas de pessoas feridas, e mal havia espaço para se mexer. Muitos estavam do lado de fora, deitados em esteiras sob as árvores.
Havia apenas um médico e um enfermeiro em nossa equipe, mas cada um de nós fazia o que podia. Até os motoristas vieram nos ajudar. Também recebemos apoio das equipes do CICV e de enfermeiros militares.
Eu não vi o avião e não sei exatamente qual tipo de bomba era aquela. Encontramos pequenas lascas de metal em vários corpos.
O que eu vi ali é indescritível. Em um período de uma hora, contamos 52 mortos.
Acredito que nossa distribuição de itens essenciais, como esteiras e lençóis, salvaram muitas pessoas. Como muitos esperavam na fila da distribuição no momento do ataque, não estavam no centro da cidade e conseguiram escapar das bombas.
A parte mais difícil para nossa equipe foi a frustração de não ter recursos ou equipamentos médicos suficientes para salvar mais feridos. Vimos uma dúzia de pessoas morrendo diante de nós sem receber os cuidados urgentes de que tanto precisavam. Havia um hospital em Rann, mas ele foi destruído por um incêndio no ano passado e não está em funcionamento. A cidade ficou sem instalações médicas.
Depois de muitos meses tentando ter acesso a essa região altamente insegura, no dia 14 de janeiro MSF finalmente chegou. Vimos que as pessoas que vivem em Rann não têm nada. Na semana anterior à nossa chegada, fomos informados que 21 pessoas haviam morrido por causas relacionadas com a desnutrição. O motivo pelo qual estávamos em Rann era bem claro – fomos até ali para avaliar o estado nutricional das pessoas e analisar suas necessidades, inclusive saber se elas tinham acesso a uma quantidade suficiente de água própria para consumo. Enquanto estávamos no acampamento, vacinamos crianças com idades entre seis meses e 15 anos e distribuímos itens essenciais.
Tivemos que deixar as tendas de atendimento às seis da tarde por razões de segurança. Para nós, era muito difícil deixar nossos pacientes, mas a equipe de Cruz Vermelha já havia começado a aliviar a pressão sobre nós e a assumir a situação.
Quando tive um momento sozinho, fui até o cemitério, onde os enterros já haviam começado. Havia 30 novos túmulos – algumas mães foram enterradas na mesma cova que os filhos. É uma verdadeira tragédia.
Também fui à área atingida pelas bombas. Elas foram lançadas sobre casas; é incompreensível. Eu reconheci o corpo de uma mãe que havia ido à distribuição de MSF na mesma manhã, quando seus filhos gêmeos receberam alimento terapêutico, já que sofriam de desnutrição. Vi as crianças chorando e abraçando o corpo inerte da mãe. Não encontro palavras.
O que nos permite seguir em frente após essa experiência terrível e traumatizante é saber que fizemos tudo o que podíamos apesar de não termos recursos suficientes.
Três profissionais de uma empresa privada contratada por MSF para prover água e serviços de saneamento no acampamento morreram no bombardeio, e outro ficou ferido. Isso é muito difícil para nossa equipe, porque trabalhávamos junto com esses profissionais. Tudo o que pudemos fazer por eles foi mandar os corpos de volta para suas famílias.
O que os sobreviventes desse bombardeio viveram é muito difícil e violento. Rann era seu porto seguro. O exército que deveria protegê-los os bombardeou. Devemos continuar ao lado dessas pessoas.”
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