MSF entrega atividades de resposta à cólera às autoridades locais em Quelimane, Zambézia

Diminuição acentuada no número dos casos de cólera registada a 18 de abril, um mês após a declaração do surto

Moçambique: MSF entrega as atividades de resposta à cólera às autoridades locais em Quelimane, Zambézia, na sequência de uma diminuição dos casos da doença
© Martim Gray Pereira/MSF

Esta semana, a organização médica e humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) entregou as atividades de resposta à cólera às autoridades provinciais de saúde em Quelimane, Zambézia, no centro de Moçambique. As autoridades locais declararam um surto de cólera a 16 de março, na sequência do segundo impacto do ciclone tropical Freddy em Moçambique – o pior surto de cólera registado no país nos últimos oito anos.

Segundo o Ministério da Saúde, a 18 de abril, um mês depois da declaração do surto, havia 12 231 casos cumulativos de cólera e 34 mortes registadas na Zambézia, mas, nesse dia, apenas 16 pacientes estavam hospitalizados nas Instalações de Tratamento de Cólera, o que indica um declínio acentuado no número de pessoas infetadas com esta doença.

“A resposta rápida e em larga escala das autoridades provinciais de saúde, da MSF e de outros parceiros, juntamente com a campanha de vacinação lançada no final de março, que alcançou mais de 410 000 pessoas na cidade de Quelimane, resultou numa redução no número de casos de cólera”, frisa Benjamin Mwangombe, representante médico da MSF em Moçambique.

A resposta de emergência da MSF para apoiar as autoridades locais na contenção do número crescente de casos de cólera na Zambézia durou um mês, entre a declaração do surto em meados de março, até à redução drástica nos pacientes admitidos nas instalações de tratamento de cólera em meados de abril.

“Esta semana, a MSF entregou três instalações de tratamento de cólera em Quelimane: um Centro de Tratamento de Cólera (CTC) e duas Unidades de Tratamento de Cólera (UTC) mais pequenas, com uma capacidade atual combinada para internamento de até 90 pacientes. A capacidade do principal centro de tratamento de Quelimane foi reduzida de cerca de 200 camas para 56, com base no número de novos casos e na taxa de ocupação durante a semana anterior”, acrescenta o representante médico da MSF. No auge da resposta de emergência, todos os centros tinham uma capacidade combinada para admitir até 269 pacientes.

As atividades da MSF em Quelimane incluíram o estabelecimento e reforço de quatro instalações de tratamento de cólera, apoio na gestão de pacientes, formação de funcionários médicos e não médicos, recrutamento de pessoal de apoio nas instalações de tratamento de cólera, e doação de equipamento médico e medicamentos tais como camas de cólera, lactato de ringer para pacientes gravemente desidratados, antibióticos, e sais de reidratação oral.

Na Zambézia, é necessário aumentar as atividades de água e saneamento para assegurar um fornecimento sustentável de água tratada em áreas urbanas, assim como o tratamento das fontes de água contaminada, tanto a nível urbano como periférico. Verifica-se também a necessidade de continuar a investir em atividades de sensibilização e de envolvimento comunitário centradas em água, saneamento e higiene. Estas ações são cruciais para prevenir doenças transmitidas pela água a curto, médio e longo prazo.

Moçambique está a ser afetado por casos de cólera desde meados de setembro de 2022. Até 20 de abril, foram registados 27 575 casos de cólera e 124 mortes no país, de acordo com o Ministério da Saúde. Quase metade dos casos foram registados na Zambézia, como consequência do ciclone tropical Freddy que colocou restrições significativas no acesso a água tratada. Em 2019, a MSF também prestou apoio às autoridades locais na resposta aos surtos de cólera ocorridos em Sofala e em Cabo Delgado, na sequência dos ciclones Idai e Kenneth, respetivamente.

Desde janeiro deste ano, a MSF têm prestado apoio aos serviços de saúde na resposta e prevenção de cólera nas províncias de Cabo Delgado, Manica, Maputo, Nampula, Niassa, Sofala, Tete, e Zambézia.

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